segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Inteligência emocional

é obviamente um oxímoro.

Da didáctica

Neste fim de semana aprendi que

- faço 5km em 40 min a pé se houver um prato de lulas grelhadas na meta;
- a Casa Almada é uma fraude;
- a vidinha mete-se na vida;
- aos 30 volta-se a fazer as coisas amorosas que aos 15 nunca se fez;
- os homens que não gostam de sexo oral não o sabem fazer e ninguém lhes explica;
- já não há bilhetes para o Homem-Elefante mas vi de borla vários engenheiros;
- a blogosfera é pequena e já deu a volta;
- o Monte dos Cabaços branco de 2008 está impecável.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Coming home

e tudo o resto.

Nhe nhe nhe.


os olhos também me fodem

As pessoas que partem retumbam-nos na memória durante um determinado tempo. Aparecem a espaços, tipo um strobe em câmara lenta. Primeiro curtos, os espaços, depois cada vez maiores. E então começa o fade out.

Recordar os detalhes da cara e do corpo de alguém que se foi parece ser um hábito recorrente entre quem é deixado. É um passatempo que se instala e se apodera dos momentos em que conduzimos, em que escolhemos courgettes no supermercado - a embalagem na mão, os olhos ao longe, entre a charcutaria e a padaria, o repositor pasmado -, em que cantamos os parabéns, em que ouvimos ao longe as pessoas importantes que dizem muitas coisas em muitas reuniões. É um hábito curioso, porque não traz conforto mas parece à partida apaziguador, que não é.

À medida que as recordações se tornam menos retumbantes e os espaços cada vez maiores, as pessoas perdem a cor. A cor será então o dado visual menos relevante, visto que só subsiste a cor daquilo que vivia apenas pela cor, como uns olhos azuis de uma miúda burra ou, está bem, um casaco de cores bonitas que se via ao longe mesmo depois da meia-noite. Tudo o resto vem a preto, a branco, a cinzas. Depois é a vez das texturas, que guardamos afinal na memória das palmas das mãos, algumas talvez nas dos pés, e de outros sítios. Na cabeça ficam muito poucas. Por fim despojamos as pessoas das formas. "Era mais curvo ali, mais recto aqui? Largo ou estreito?" Até que tudo o que sobra das pessoas que se foram são linhas. Linhas de movimento, fluídas e definidas, fiáveis e concretas, como a forma como arrastaram a cadeira para passar, como abriram o frigorífico, como levantaram as mãos até à nossa cara, como puseram o saco ao ombro, como corcovaram as costas e soubeste que nunca mais o tornarias a ver.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Put in a good word

Sem querer tirar o mérito às primeiras impressões - quem não gosta de umas boas 501, de um cabelo negligente, umas adidas brancas, um IWC no pulso ou uma tatoo dos Super Dragões? -, eu cá confesso que caio por primeiras expressões.
Pessoa que conjuga airosa e distraidamente o verbo "vilipendiar" só pode ser boa pessoa. Fica a promessa de uma espoliação ao jantar e seguramente do início de uma bonita amizade.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Good mourning

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nós não damos beijinhos

nem dizemos "luv u", não emprestamos roupa, não insultamos homens, não falamos ao telefone, não lutamos de almofada, não estamos sempre lá uma para a outra.

Mas ela está lá sempre para mim.

Cheers, B.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As coisas novas

são sempre boas.

Só é preciso um bocadinho de paciência para esperar que envelheçam e se tornem nossas.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Alles Leben ist Problemlösen (K. Popper) - A festa de anos

Decidi jogar pelo seguro e aplicar o método científico à organização da minha festa de aniversário.

Definido o problema pelos meus caros comentadores, partirei hoje para a observação e recolha de dados. Soube da festa de anos de um amigo de um parente meu que tem lugar hoje, cá na cidade, e resolvi que vou aparecer. Tenho até às 21h para preparar um inquérito sucinto, que aplicarei entre cada peça de sushi. Acho que vou optar pela resposta fechada, não quero correr o risco de levar com perdigotos de lula e alga.

Desejem-me sorte.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Pânico

Não é uma aranha, não é conhecer os sogros, não é o meu cão engolido por um grand danois, não é um jantar com bebés, não é a minha mãe a visitar-me sem avisar, não é a Susana Félix a perguntar se quero um autógrafo, não é o Via Rápida, não é uma foto de grupo para o site da empresa. Não. É uma festa. De anos. E sou eu que organizo.

Uma ajudinha. Por favor.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Frouxas,

as relações virtuais são muito frouxas. Definitivamente não me talharam para essas não-coisas. Suck out all the marrow of life, afalfá-las bem, que vai dar ao mesmo, é bem mais giro que essas Lídias todas que se sentam à beira-rio. Blhec.

Ode ao Puto

De uma semana de merda, no ambiente hostil de uma empresa de metalomecânica que emprega os recém-libertos de Custóias por causa dos benefícios fiscais, oh enganei-me, de uma escola pública onde trabalha a M (peço desculpa, veneranda malta de Custóias), emerge uma manhã de rir às lágrimas, uma manhã que não tinha nada para ser boa, a não ser um Puto que sonha ser meu cabeleireiro e que se ri quando eu digo Escher de Queirosch, mas que ao menos sabe distinguir um Presidente americano de uma cidade do Novo México. Isto sim, é amizade. Oh, enganei-me outra vez, isto sim, é circo e eu gosto.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Lições de bom português: A Pontuação

Um uso cuidado dos signos de pontuação evitará ambiguidades semânticas e incómodos mal-entendidos na recepção das mensagens. Ora atente-se nos seguintes enunciados:

1) "- Quer sopa de abóbora, menina?" vs "- Quer sopa de abóbora menina?"

2) "- Carlos Castro?" vs "- Carlos, castro?"


Evite chatices. Pontue bem.

Créditos: senhora do Go Natural e jovem advogada de sucesso citando Renato.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O INE vai medir o (des)emprego por telefone.

Humm.

E não liga para telemóveis.

Humm...

A boa notícia para 2011 é que a taxa de desemprego vai baixar, a má é que muitos de nós seremos mulheres-a-dias.

Emprego: estatísticas 2011



Eu também sei ser geek

Descobri sozinha a solução para o barulho da ventoinha do meu portátil: era só aumentar o volume do i-tunes.
Geeks are overrated. Pfff.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Do que importa.

Descíamos os paralelos ribeirinhos, as malas pretas ao ombro. Cheirava a vinho e a madeira inchada antes de chegar à doca. Despíamo-nos a céu aberto de porta fechada, usávamos as mossas do oleado para massajar os pés, sulcávamos o ar gelado dos corredores e encontrávamo-nos em silêncio a meio.

Começava.

Em redor o ar aquecia. Levávamo-nos ao extremo, olhávamos de fora para nós, fazíamos o indizível, não dizíamos palavra, doía e gostávamos. Falange, falanginha, falangeta pelo oleado fora, aguenta, aguenta, salta, eu seguro. O braço cresce, o peito dobra, a espinha roda, a cabeça desce. Pas de deux, trois, quatre. É querer, não é querer desalmadamente, é querer descorporadamente, aceitar que dói, tomar que doa, temer que acabe. Três, dois, um.

E abotoávamos as roupas e subíamos a calçada, as malas pretas ao ombro.