quinta-feira, 29 de março de 2012

Ouvi e chorai

e lembrai-vos que a vida é isto. O resto é resto e sobra.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Eu não preciso de muito para viver.

Dinheiro chega-me. Bastante.

quinta-feira, 15 de março de 2012

il messaggero non e importante

Chegou a casa, pousou a chave no chaveiro, tirou a trela ao cão e esperou até a ver para decidir se dizia ou não dizia. Era coisa pouca, a história de um homem ao telefone na rua. Não sendo nada de especial, dava uma conversa de circunstância entretida.

Encontrou-a na cozinha, as calças compridas a arrastar pelo chão, a fita de casa no cabelo. Batia ovos para cobrir o empadão. Oh como ele gostava de empadão. E de a ver a bater ovos. Quase se esqueceu do senhor ao telefone e do segredo indizível. Ele não era homem de fazer conversa de circunstância, e suspeitava que ela se inteirara já do mesmo. Daí a perceber o seu segredo, aquele que o fizera parar no passeio, o cão a puxar da trela, e olhar o outro homem com compaixão, não tardaria muito.

Calou-se ainda em silêncio, assentou-lhe a palma da mão no rabo e comeu-lhe o pescoço. Era melhor assim.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Parece a Enya a 45 RPM

e a letra é pegajosa, mas há qualquer coisa pelo meio que soa lindamente. Não sei o que é mas pouco releva.

Até que a vida vos separe

Há diálogos que não me largam, troços inteiros de discurso que sei de cor, que oiço e repito condicionadamente. Alguns não parecem sequer relevantes, espécie de carrapatos da memória, outros encerram casos que ainda hei-de entender por força da repetição, e uns poucos são aquilo em que me confirmei por travessas vias da promiscuidade dos carácteres.

Acontece, eu já vi, que esta memória sonora se perde quando escrita. Regista-se, descansa-se, está a salvo finalmente, enterrada, no fundo, cada vez mais fundo até que se perde, desprende-se do indivíduo.

Não queremos isso.

quarta-feira, 7 de março de 2012

terça-feira, 6 de março de 2012

As certezas

são os novos gatos.