domingo, 27 de junho de 2010

Ui,

acabei de me aperceber que terei que mudar o meu cabeçalho para "à beira-CCUT plantado".

C'um caraças, perder uns euros ainda vá... Mas aquele ataque silábico ramificado dava-me cá um jeitaço!

Chatice, pá.

sábado, 26 de junho de 2010

Como não?



1. As coisas que acontecem na rua e em casa. As coisas assumidas e o assombro inesperado de um "mas afinal, porquê?".

2. A angústia, a revolta, a raiva do dinheiro que não chega para todos. E que sobra para alguns.

3. As miúdas giras de caracóis que não crescem. "Ai quando souberem como a vida é..." E não, esse dia nunca chega.

4. E a inércia, a apatia de uma vida bonitinha. O passeio inevitável, a ouvir o próprio passo, e o desejo de um mergulho no próximo abismo. Só para sentir qualquer coisa, por favor.

5. À noite. Rara visão de gentes reunidas que reconfortam. Será do barulho? Não interessa, a parede é familiar e a música é nossa, todos a conhecemos. Gostamos de beber e gostamos das mesmas bandas - dá-nos Pixies, dá-nos Roses, dá-nos Valentines. É ver-nos dançar a olhar para os pés.

6. Já estivemos apaixonados, claro. Já rimos à parva, já cantámos todas as canções românticas que detestamos, já nos esquecemos de almoçar e de jantar, já nos despiram com os olhos. Já, não já?

7 e 8. Viagens em carros cheios, programas de festas, cestos de piquenique - ovelhas do rebanho, porque não? Dias dispostos à conversa, sacam-se da cartola os ases e os duques, anything goes - porque não?

9. E eis que chegam as férias. A ilha intocável, ali mesmo no centro do ano, em que se pode sair de si próprio e ser outro qualquer. Por módicos preços à quinzena.

10. Diante de pálpebras que tremem, narizes que envermelhecem, gargantas que não engolem... que fazer? Que fazer quando um homem chora? Que dizer?

11. Ele há dias bons. Mesmo bons. Se consegues fazer um quatro, porque não hás-de conseguir contar uma anedota que põe a malta a rebolar no chão? E aprender a jogar xadrez? E ser pai?

12 e 13. Não pode ser assim tão difícil gostar. Gostar, gostar, gostar. Tirar um dia para gostar. Respirar fundo e carregar Play naquela ópera nipónica. Nada mau, nada mau... Até lembra de quando em vez um Sinatra, uma Piaff, e disso eu gosto.

14 a 16. Ex-peri-mentar. Pelo prazer do processo. Farinha integral, oboé, photoshop, porque sim, porque posso e não tarda nada não estou cá. E porque há quem goste de me ouvir e quem queira depois experimentar também.

E nada disto é meu. Tudo isto é do Neil Hannon, tudo isto é divina comédia e faz o Bang Goes the Knighthood. Só não entendo como não acampamos à porta de madrugada nos dias de lançamento e como não lutamos na lama e não arrancamos cabelos por um bilhete. Não entendo mes-mo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cavaco Pinto remata à trave

No dia 25 de Junho de 2010, o noticiário da SIC foi encetado com notícias sobre a bola. Cerca de vinte minutos mais tarde, concluídas três reportagens em três locais com projecção do jogo Portugal-Brasil em ecrã gigante, o tema esgotou-se e houve um tempinho para a actualização política... ou não?

No rescaldo do Roteiro para a Juventude, jornalista entrevista Presidente da República - não, senhor, não ando a persegui-lo, o senhor é que se me aparece à frente com declarações que não lembram nem ao menino Jesus (outro que com certeza julga que o persigo) -, que mui sapientemente declara:

"- Eu tenho dois princípios que sigo. Dois princípios de vida: a honestidade e a verdade."

Perante isto, só me ocorre dizer quatro coisas:

"O meu coração só tem uma cor: azul e branco."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Wish (to Have Wished) Bucket


Há dois punhados de anos atrás desejei ter desejado ir ao baile de finalistas, há um punhado desejei ter desejado ter filhos, hoje desejava ter desejado festas de anos e daqui a outro punhado desejarei ter ido amanhã ao São João.

La la la... common people... la la la...


domingo, 20 de junho de 2010

Palavras do Presidente da República Portug... perdão, do Empregado de Mesa de Lanzarote

"Soy un simple camarero, ¿qué puedo yo decir sobre Saramago? (…) Además del cariño de su presencia y de la falta que me hará a mí Dom José… bueno, me parece que nos hará falta a todos. Es que a mí me hizo pensar muchas veces, así que creo que igual les haría a muchos otros seres humanos."

in Jornal da Noite, SIC, 20/06/2010, 20h18


Poucas calamidades públicas me deixaram mais triste e nenhum PR me deixou tão envergonhada.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Wiwia-dos-saltos-médios-às-quartas-e-sextas-e-do-téni-fuchsia-ao-sábado



Mas por que raio é que ninguém anda descalço na blogosfera?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Soja como for

Porque é que de cada vez que ponho soja de um novo feitio ao lume penso: "Desta é que isto vai ser mesmo bom"?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Estão uns homenzinhos

"- Porque se a gente tem tardes livres é porque precisa delas para descansar e bocê não tem nada a ber com isso! ...Stôra."

"- Precisas é de fechar já a puta da matraca antes que te leve ali para a sala ao lado e te espete duas galhetas nesse focinho sem deixar marca enquanto o diabo esfrega um olho!"

Pelo menos foi isto que consegui vislumbrar entre as chispas da minha retina. Já ele deve ter-se visto de capacete e óculos Spiff, capa ao vento e com um pé em cima do meu ventre ainda fumegante do efeito da sua super-bazuca.


segunda-feira, 14 de junho de 2010

A demanda - parte II

O dia chegava ao fim e a carne, mais volta menos volta, mais tombo menos tombo, estava entregue. Entrou no talho e foi à pia esfregar os braços latejantes com sabão azul e aprumar o cabelo com um brilhozito de água.

"- Vamos lá ver onde se há-de pôr a menina a dormir. Assim sem contar não temos o quarto à feição, mas por hoje não fica mal."

"- Obrigada, Senhora, mas vou dormir a casa. Até amanhã."

Saiu.
Passados minutos voltou, para encontrar a Senhora no mesmo sítio a olhar através do balcão de mármore branco raiado e das contas do dia.

"- Esqueceu-me a sêmea."

Muniu-se da trouxa e foi-se. 12 quilómetros em 2 pernas de quase 14, 3 horas 2 vezes ao dia. E noves fora nada.

domingo, 13 de junho de 2010

A demanda


A mãe tinha fugido do Brasil por amor. Ou melhor, por falta dele para com o sujeito de 60 anos com quem a queriam casar. Eram dez lá em casa, mais meninas que meninos, e todos dispensaram o exame da 4ª classe porque cantavam na ponta da língua as províncias, suas capitais e rios de Portugal.

No tempo em que a tragédia era igualmente dolorosa e contrariamente natural, o pai e os filhos enterraram a mãe sem cabelos brancos. Três anos mais tarde, os filhos sozinhos enterraram o pai. Não há memórias que atestem a causa da morte: amor, cirrose, ambos, dá no mesmo. Os pequenos seguiram os seus caminhos, cada um num mester. Era o que havia a fazer. Era o que se sabia fazer.

Ela tinha andado a aprendiz de chapeleira na cidade. Tinha jeito com as mãos e genica para o que viesse, faltava-lhe era a paciência para acatar ordens de velhas mestras rezingonas, de tal modo que um dia atirou com o avental, disse "Você não manda em mim, que não é minha mãe" e do alto dos seus treze anos pôs-se a caminho de casa de uma tia.

Como nessa época ainda não se sabia do desemprego, que remédio teve senão arranjar trabalho logo a seguir. "Precisa-se ajudante para distribuição de carnes verdes", dizia no jornal. Eram quatro da manhã quando acordou para se apresentar no emprego, não porque tivesse insónias ou nervoso miudinho, antes porque de São Gemil a Fernandes Tomás são 12 quilómetros, isto é, 3 horas a andar ligeirinho com pernas de quase 14. Já lá estava quando a Senhora chegou para abrir a porta do estabelecimento.

"- Bom dia, vim por causa do anúncio."
"- Bom dia, filha, podes voltar pelo mesmo caminho que isto não é trabalho para ti."
"- E porquê?"
"- Homessa, porque a carne pesa mais que a tua."
"- E eu não sei disso?"

A Senhora apartou o sobrolho franzido da fechadura que chocalhava todos os dias antes de se permitir abrir e deteve-se uns segundos naquela figura tísica de narizito empinado e cabelos como um tição.

"- Como te chamas?"
"- Emília."

sábado, 12 de junho de 2010

Doutor, serei normal?

Tenho 29 anos, duas profissões de que gosto, um jeitoso currículo académico, uma casa catita, poucos mas excelentes amigos, uma família bonita, um amor à minha espera, viagens por 4 continentes na bagagem, bilhetes para o concerto da minha vida em Londres, e... tudo o que me faz pular é ter um grupo de quase-desconhecidos à minha espera para dançar na baixa daqui a quatro ou cinco horinhas. Isso sim, assemelha-se a felicidade.

Não me esconda nada, doutor.

domingo, 6 de junho de 2010

«Cavaco Silva apela aos portugueses para que façam férias “cá dentro”...

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