segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Every sperm is sacred.

Eles brotam dos arbustos, estes Carreiras.

sábado, 29 de outubro de 2011

Tinha bebido um bocadinho.


De várias coisas.

Conduzia devagar. As frases interrompidas da mulher cosiam-se-me umas às outras no eco da cabeça. Continuo a achar querido que se contem meses após décadas de vida. “Um ano e dois meses”, dizia ela com precisão. Não costumo falar-lhe de mim, mas tinha sono e vinho. Contei-lhe dos anos sem contar os meses. Girou e abriu devagar os olhos naquela cara de pinypon, como se repente fôssemos três dentro do carro.

Conduzia devagar. As frases interrompidas da mulher cosiam-se-me umas às outras no eco da cabeça. Tinha acontecido o inevitável, guiava com a sensação de ser duas pessoas. Um fardo pesado, as pálpebras pesadas em olhos despertos.

Conduzia devagar. As frases interrompidas da mulher cosiam-se às where troubles melt like lemon drops high above the chimney tops e eu pensava que um homem que acredita no que canta assim ou é um louco leviano ou teve um dia uma epifania, a visão de uma coisa maior que esmaga as pequenas que nos esmagam a nós. Enquanto conduzia, quem sabe. Devagar.

domingo, 23 de outubro de 2011

Fui ver,

era um medronho.

Rio Homem, último dia de verão (22/10/11).


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Como evitar que o amor te faça agir como um parvo

é o paradoxo, em tradução livre, que serve de título a este artigo da Forbes.

Podem ler, mas eu resumo: primeiro, é tão simples como comeres uma maçã quando te apetece batatas fritas; segundo, é importante haver negrito em revistas de ricos.

Não consigo parar de imaginar se alguém já se terá de facto sentado a fazer listas de coisas estúpidas que lhe apetecerá fazer e respectivas coisas sensatas de substituição, como plano de acção futura.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tradução para estrangeiro do discurso de Alberto João aos madeirenses

(...)
"- I'm not denying,  we're flying above it all.  Hold my hand, don't let me fall. You've such amazing grace, I've never felt this way... Show me heaven. Cover me! Leave me breathless, show me heaven please."



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

À sombra na relva.

- E como era, pai?
- Era... frio, filhota.
- E como era o fio?
- Frio.
- Fe-ri-o.
- Frio era assim uma coisa no vento que fazia a pele ficar dura. Uma pessoa encolhia-se e abraçava-se mas parecia que estava sempre a lutar contra o ar.
- Era mau?
- Não... Não era... propriamente mau.
- Porquê?
- Porque... Olha, porque era bom quando chegávamos a casa. Havia mantas no sofá e emb...
- O que eram mantas?
- Pois, cachopa... Mantas... Mantas eram como uns lençóis, mas mais grossas e muito quentinhas.
- Para quê?
- Para nos embrulharmos nelas e não termos tanto frio. Eram uma delícia quando nos sentávamos no sofá.
- Comias mantas?
- Não, tonta. Delícia é uma forma de dizer que eram muito fofinhas e confortáveis.
- Os meus ténis são uma delícia?
- Podem ser. Os teus ténis podem ser uma delícia.
- E vinha assim quando lhe apetecia?
- O quê?
- O Niverno.
- O Inverno.
- O In-ver-no.
- Isso. Não, não vinha quando lhe apetecia. Aparecia pé-ante-pé, em Setembro, e primeiro chamava-se Outono. Depois crescia, crescia, crescia... e em Dezembro já era um Inverno a sério, com o frio e o vento e as mantas.
- E um dia não veio mais?
- É verdade. Um ano não veio, e depois nunca mais.
- E que ano era?
- Era o ano de 2011.
- Isso foi antes de eu, pai?
- De mim.
- De ti?
- Não... Não foi antes de mim, mas foi antes de ti. Há muitos anos para ti, há poucos para mim.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

canídeos por todo o lado

Ando com muita vontade de voltar a ter um cão. Mas não quero o trabalho de manter um cão nem a responsabilidade nem o compromisso nem as cedências que exige. Mas de resto adorava ter uma bola de pêlo por perto.

E parem de pensar que estou a falar de homens em código.

domingo, 2 de outubro de 2011

data de validade

E se um dia ela olhasse para as calças dele, penduradas atrás da porta na casa de banho do meio? Ele vai sempre à casa de banho do meio, nunca usa as outras, e as calças são cada vez mais curtas. A barriga empurra-lhe o cinto para baixo, ela sobe-lhe as bainhas. E se ela agarrasse as calças dele pelo joelho e as encostasse à bochecha, para cima e para baixo, e sentisse o poliéster e o algodão a queimar-lhe um bocadinho a pele? E se cheirasse o tecido das calças dele e o cheiro dele fosse igual ao cheiro da casa de banho, ao cheiro da casa, ao cheiro dela? E se tudo é o mesmo e ela já não sente o cheiro dele é porque ele desapareceu nela e há um homem nos corredores daquela casa.

sábado, 1 de outubro de 2011

happy-sad

A minha coisa favorita de todos os tempos.

Sou miúda de clássicos.

E de negrões, não sei se já tinha dito.