domingo, 29 de maio de 2011

Uma estúpida canção que só ela ouviu.

Ela - E sabes, como éramos tão, tão amigos e aquilo aconteceu... Ele teve medo e acabou por afastar-se. Era demasiado intenso para ele, sabes? Demasiado... pá, certo, percebes? Era aquela coisa tipo para sempre, muito muito muito forte mesmo. Forte demais, pronto.

Eu - Pois... Eles às vezes têm assim... err... medo das coisas muito intensas. Assim muito boas... E do compromisso, também. Teve medo do compromisso, lá está. Olha lá o tipo giro de pólo azul, está a olhar para aqui.

Ou
Eu - Querida, ele acha que tu estás pungentemente magra, que o brilhante no dente é execrável e que falas demasiado. Esquece lá isso. Olha lá o beto com cara de castor, é estrábico.

Que se foda.

Acima do homem está a dor. Não importa o que tu és nem o que nos fizemos. Se hoje, sem contar, ainda sinto a tua é porque acontecemos bem.

sábado, 28 de maio de 2011

Não tenho livros favoritos

mas lembro-me recorrentemente destes três.





No Passage, há aquela parte em que o indiano Aziz combina um chá com a inglesa Adela em sua - dele - casa às 15h. Quando ela chega, ele não está. Nunca teve intenção de estar. Era uma expressão de cordialidade, com hora e local marcados para reforçar a boa intenção. O Ocidente foi orientalizado ou vice-versa, pouco importa.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ter a boca no coração

Já não gosto de bacalhau à Zé do Pipo. Deixei de achar piada à açorda de marisco ali da praia. É picante e boa e não mudou. Acho que o meu palato deixou de reagir a coisas boas. Precisa de um estímulo asqueroso como as folhas de lavanda ou sobrecarregado como o extracto de óleo de lingueirão para as notar, ali ao lado, para reconhecer a informação como "boa". De outra forma, é mais do mesmo, harmonia repetida e ondulada, embalada em tédio tépido.

Ou isso ou estou grávida.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Temo pelo meu cão.

O dono está com o cio.

Da espiritualidade que há em mim.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Quando tens os olhos fechados,

faz toda a diferença se olhas em frente ou para baixo. Toda. Todas as pequenices importam."
P. Bausch (mais ou menos assim, do alemão)

Ou como as coisas que eu não vejo são as que ditam se acredito em ti.

E o Vollmond. O Vollmond continua a fazer-me pensar na morte. Leia-se, na pena que vou ter de um dia parar de viver.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Tudo ao molho

Tenho sentimentos mistos em relação a esta música. Vai daí, quero.

(Minuto 4:05 dedicado à Maria Biju.)

terça-feira, 17 de maio de 2011

O que ficou por dizer

é lixo espacial. Esteve há tempos na vanguarda dos teus dias, irou-te os olhos, entupiu-te o nariz e corcovou-te as costas.

E de repente.

Orbita aos pedaços, demasiado longe para sequer lhe notares a sombra. Colide e amalgama-se com o resto que deixou de ter lugar. Não é de propósito, a gente sabe. É a drenagem natural das coisas.

domingo, 15 de maio de 2011

Tendemos a gostar deles estranhos.

Gosto dele, do James Blake. Imagino que faz música à mão. Que está ali horas a talhar, a aplainar, a envernizar. Hoje ouvi esta com cuidado e achei-a especialmente delicada.

A mais recente The Wilhelm Scream também é bonita, mas isso vocês sabem de certeza.


É, é o que eu penso de todos vocês.

Menos um, claro.

daqui, por sinal viciante.

sábado, 14 de maio de 2011

They say you hear human voices / but they only echo

Tenho um secreto prazer em ser imbecilizada. Como daquela vez em 2007, em que a Marisa me disse que achava muita piada a este novo artista, o Mika, e eu lhe disse que era igual ao Jack Johnson. Ela riu alto e condescendentemente, abanou a cabeça e contou-me a História dos estilos musicais. Ela tinha um diploma do Conservatório e ia cantar com os Madredeus no fim de semana a seguir. Eu ouvi-a atentamente e agradeci no fim. O que eu queria dizer era que o valor musical do Mika era exactamente igual ao valor musical do Jack Johnson, por sua vez iguais ao de um macaco com um gongo. Mas não expliquei.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Um belo dia

Todos as manhãs tenho uma desculpa nova para me atrasar no banho. Hoje foi esta.

E a verdade é que foi mesmo um belo dia. Estou coberta de sal.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Duas mulheres certas

Estou com a Mulher Certa nisto.
Bem haja a Martha Graham, companhia certa dos meus longínquos anos de juventude. Devo-lhe 15% da minha disciplina. Não é muita, eu sei, mas cada um dá o que tem.
(não tentem abrir o segundo link noutros dias que não hoje, 'tá?)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Estado da arte

O T. tem uma namorada bailarina. Vai comprar uma objectiva luminosa e tirar um curso de fotografia de palco. Sugeriu que eu fosse com ele, para começar a dar mais uso à minha Nikkon XPTO. Expliquei-lhe que, enfim, só se justificava caso o meu namorado fosse um palhaço.

Fiquei então de pensar no convite. Bem vistas as coisas, assumamos que não é assim tão, tão improvável.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Jane Eyre ou a razão pela qual não falo de coisas bonitas

Sei que gosto de um filme, ou de um livro, ou de um quadro ou de uma de ópera, quando durante as horas que se seguem oiço um zumbido agudo, como o que fica no ar depois de um tiro.

Em Serralves

eu - Eram duas entradas para as Recordações da Casa Amarela, se faz favor.
ele - *sorri*
eu - *sorri de volta, pisca os olhinhos*
ele - *ri-se*
eu - Err... *sorri*... Mas queria mesmo as entradas para a Casa Amarela.
ele - Casa Rosa. São 3 euros, se faz favor.
eu - *glup*


Adoro dar às pessoas matéria de que falar quando chegam a casa.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Watchmen e outras histórias

Comprei-o há um par de meses em Londres. Por impulso, sem pensar muito. Tem sido assim que me aconteceram algumas coisas boas. Como era para oferecer - talvez, quiçá, sem pensar muito -, não o li. Não lhe queria quebrar a capa dura.

Hoje escarrapachei-o ao meio. Afinal é meu, já o posso estragar. Embora tenha muito respeito pelos livros, não me importo nada de os ter estragados. O Retrato de Dorian Gray, por exemplo, tem areia e água do mar e o Kim do Kipling, arranhado, cheira a pinho da minha casa na Alemanha. O que perdem em estética ganham em paratextualidade. Contam mais uma história para além da que está dentro.


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Professor Domingos Paciência

"Os deuses estiveram connosco (...) e a sorte procura-se."
SIC Notícias, 22h43

Investigar é que é

Então portantos parece que falar alemão que é uma língua das difíceis faz crescer ali uma parte do cérebro que não cresce de outras maneiras pelo menos lícitas e sabe-se isto porcosa das 600 freiras que aprenderam alemão e doaram os cérebros à ciência vistas que são uma amostra do mais homogénea que há que não fuma e comem todas à mesma hora e tudo.

Há empregos do arco da velha. Eu cortava-lhes as cabecinhas às postas de borla.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

progresso social

A Teixeirinha diz que me faltam competências sociais. Acho que isto veio no seguimento do irlandês giro que me perguntou coisas sobre letras dos Divine Comedy no concerto de sábado e que, segundo ela e entre facepalms não andava propriamente à procura dos esclarecimentos linguísticos que eu lhe dei com tão boa vontade antes de meter as mãos aos bolsos e act like a tree and leave.

Pois então esta semana instalei o IMO no iphone, uma aplicação que me permite sincronizar as contas todas e utilizar só um chatroom. Já fiz um monte de amigos e falamos a toda a hora.

Foi uma pena porque o irlandês era de facto bem giro e não perdia nada em saber duas coisas de linguística. Hoje vou ver MGMT ao mesmo sítio. Se ele lá estiver adiciono-o aos meus buddies do IMO, prometo. Vês, Teixeirinha, progressos.

Como é que se sabe (IV)

que se herdou as ausências patológicas do pai?

Quando se entra num WC com um molho de chaves, um telemóvel e uns óculos de sol na mão e se sai com um molho de chaves, um telemóvel, uns óculos de sol e um rolo de papel higiénico na mão.

Para o corredor.

De uma escola.

domingo, 1 de maio de 2011

continua chamando-me assim, bebé. bebé. continuas a ter-me pra ti, bebé. bebé. não aceitas nem queres aceitar que já sou u...

coruja na dancinha estranha Coruja na dancinha estranha

Foda-se, pensei que dormindo me saía da cabeça.

Late night post

...their prey gather in herds
Of stiff knee-length skirts, and white ankle-socks
But while they search for a mate, my type hibernate
In bedrooms above, composing their songs of love...



Nada como um serão com um homem com sotaque. Valeu a pena respirar fundo, tapar o nariz e entrar na queima das fitas.

E esta canção vai para ti, blogosfera.