Os domingos são dias abomináveis. Termina a ilusão fugaz de liberdade do fim de semana e escorre sobre mim a pegajosa sombra de mais uma semana de trabalho.
Não me interpretem mal, eu gosto muito de trabalhar e até passo a maioria das horas de luz do fim de semana a fazê-lo. Simplesmente com o domingo vem a certeza de que mais um ciclo começa - e isso custa-me de sobremaneira.
"Detesto a rotina", "Não posso com a monotonia", "Parar é morrer"... Nada disso. Há rotinas quentes e boas, que nos mantêm sãos. O meu problema visceral com o domingo é... medo. Medo de uma semana sem surpresas, medo de cinco dias sem pulos nem acrescentos.
Contudo, este Domingo foi um bocadinho melhor do que o anterior (os anteriores a esse já os esqueci): encontrei um velho amigo que me perguntou quem eu era. Não é que não me tivesse reconhecido, mas aparentemente nunca me tinha entendido na plenitude, fazia-lhe falta saber quem eu verdadeiramente era. Quem eu verdadeiramente sou - aqui está uma pergunta inesperada para um domingo à noite. Munida de alguma boa vontade mas não sem certa dose de desconfiança, respondi com um relato na terceira pessoa que envolvia 29 anos, tacões altos, livros, lemas de "travel light", apartamentos T1, acuidade profissional e o adjectivo "empertigada". Inteligentemente perguntou-me se me era mais fácil falar de mim própria na terceira pessoa. Claro que sim, não gosto de mentir na primeira.
domingo, 7 de março de 2010
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2 comentários:
Ah! Bolas, nunca me ocorreu mentir na terceira.
There you go!
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