Cruzaram-se numa passagem estreita, quase não deu para ignorar. Ela continuou a andar mas abrandou o passo e espreitou por cima do ombro. Lá estava ele, tal e qual como ela se lembrava. Em segundos, fez as contas ao embaraço possível, à frustração provável do reencontro... e parou. Girou sobre os calcanhares e tocou-lhe ao de leve. Macio como sempre, morno àquela hora da tarde.
Abriu-se. Há quanto tempo já não se encontravam, porquê esta parvoíce de adiar sempre para "um dia destes"? Ah, assim é que são bons os encontros, a surpresa, assim sem contar. Sim, claro, parece que era mesmo para acontecer. Respirou fundo.
Na cozinha, estremecemos ao ouvir aquele inconfundível ranger. Não podia ser, não pensáramos que voltasse a acontecer.
Mas aconteceu. E a casa encheu-se de Lizst.
* Degas, "Manet Listening to His Wife Play the Piano"
2 comentários:
Se eles tivessem pensado, n teria acontecido. As melhores surpresas não são previstas nem imaginadas.
E... aconteceu.
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