Entrou com ribombante estrondo e disse um olá esbaforido à mesa. O sobretudo grosso agarrou-se à toalha aos quadrados, que foi arrastada até à cadeira ao lado da minha, enquanto várias mãos apanhavam os copos que tombavam um atrás do outro. Sentou-se e olhou-me nos olhos gravemente enquanto descartava o capuz molhado da chuva. "Ouve com atenção, não tenho muito tempo e o motorista está lá fora à espera", sussurrou. Meteu a mão ao bolso para tirar um moleskine minúsculo marcado numa página. "Vês, está aqui o teu nome. Restless souls. Vai ser um documentário. Já tenho muito material e queria filmar-te a ti aqui no Porto. Somos tantos, W., tantos. Tu percebes, não percebes? Era importante para mim." Os meus olhos mexiam da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, acho que acenei que sim. Ela pousou a mão na minha, apertou-a e disse "Obrigada. Agora tenho que ir. Divirtam-se e desculpem não poder ficar."
Saiu antes de eu fechar a boca.
Pousei a cabeça no ombro do meu homem e nessa altura, éramos novos, rimo-nos todos em uníssono.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
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2 comentários:
Quando é que sai a curta?
Doc. Haja finesse.
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