Não é invulgar ver-me seguida por uma multidão que roga para que a ilumine.
Ok, uma amiga uma vez apanhou-me a jeito e pediu-me um esclarecimento.
Na sociedade de advogados em que trabalha, corrigiram-lhe o uso do adjectivo "imenso". Explicaram-lhe com elevada sapiência que não deveria dizer "imensas coisas" porque "imenso" remete para a ideia de vastidão, de comprimento até, e não para a de número.
Anuí em bafejá-la com a minha sabedoria e esclareci que sim, que os senhores advogados estavam, como habitualmente, cobertos de razão e recheados de exactidão, qual éclair da Leitaria. Desde que, claro, banissem do seu discurso todo o tipo de expressões como "tenho processos disciplinares que nunca mais acabam", "conto com largas horas de espera no tribunal" ou "o estagiário diz um mar de asneiradas sempre que abre a boca". Não há-de ser difícil e valerá com toda a certeza o esforço.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
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2 comentários:
É essa falta de exactidão que enriquesse a língua. Se só pudessemos usar as palavras rigorosamente precisas seria uma chatice... ou então estávamos todos caladitos.
Imensamente de acordo, caríssima.
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