lembrem-me da ânsia de acordar para ver se a maré estava vaza e apanhar as moedas que davam à costa (sim, moedas que davam à costa, acreditei durante anos que de facto davam à costa e nunca desconfiei que o meu pai se levantasse uma hora mais cedo e as fosse lá plantar), da energia renovada das 8h da noite na praia do Castelo, quando o mar se punha bom para apanhar polvos à mão e sentir-lhes os tentáculos pegajosos que se nos enrolavam nos braços, do regresso a casa e do conforto de tantos e tantos dias pela frente para acordar cedo e moldar pasta de papel, para esperar que o pai chegasse, limpasse o pó à agulha e fizesse soar Ravel, Fausto ou Brel e para perceber aos pouquinhos que gostava de ter público enquanto dançava.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
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Um comentário:
Sentava-me com o traseiro no volante da Ford Transit de 76 e perguntava-me como tinha sido o meu dia. Já de noite, lá dava uma voltinha pelas ruas, sim porque eu sempre adorei andar de cu tremido. Desde então que a luz indicadora dos máximos me desperta a atenção em qualquer viagem. Isso, o cheiro da saufage e Kate Bush no rádio.
Levem-me a dar voltinhas por aí e eu não chateio o mundo.
Não me esqueço.
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