sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Só quero alguém que goste de mim a sério",

disse ela, cintilando.

Não ironizo quando digo que tenho uma cosmovisão muito limitada. Tenho mesmo. E tenho pena.

No meu pequeno cosmos, esperamos ansiosamente pelo momento de conhecer alguém que nos faça pasmar, nos meta num bolso e nos rodopie no mindinho até à ebriedade. No meu pequeno cosmos, ansiamos esperançosamente pela reciprocidade da vertigem, sim, com a certeza porém de que é esse mesmo limbo o segredo do druida - o visco que emulsiona o elenco de substâncias intoxicantes que actuam violentamente sobre os joelhos e entaramelam a língua, para nosso deleite. No meu pequeno cosmos, os homens e as mulheres andam assim, à espera de serem espantados.

Não sei se é por andar muitas vezes de sapatos com cores esquisitas, unhas por pintar ou calças de ganga com a bainha a arrastar pelo chão, mas nunca me deixaram entrar nesse cintilante cosmos em que os homens e as mulheres andam à espera de espantar em vez de serem espantados.

4 comentários:

K disse...

Brilhante! Não achas que é uma questão de tempo+destino?

Wiwia disse...

Hum.
Não, desculpa.

Acho que é um fenómeno físico-químico aleatório, naturalmente limitado pela intersecção de conjuntos de variáveis.

Mas eu sou só uma palerma, por favor não me faças caso.

K disse...

Talvez um fenómeno fisico-quimico mas não limitado por esse conjunto de variáveis (calças de ganga e sapatos de cor);)

Wiwia disse...

A roupa não é variável.

Quer dizer, mudo-a todos os dias, é uma verdade...

;)