De férias, com sorte, perde-se a noção dos dias. Numas férias a valer esquece-se de como é quando se trabalha. De repente ali estamos, a falar de barriga cheia sobre papos para o ar, chocos grelhados e areia a escaldar nos pés. Dois dias depois, a bigorna do despertador e o calvário da hora de ponta. A areia quente desaparecida dos pés é a longínqua lembrança a que nos agarramos para sobreviver ao inverno.
Penso que gosto de torradas. É uma assumpção, tomo-a por garantida. É preciso que me falte a manteiga para me lembrar que não, não é de torradas que eu gosto. É só de torradas com manteiga.
Vamos jantar. Gosto de jantar. Daqui até ao jantar tudo são as horas que faltam até irmos jantar.
Gosto de ti pela tua falta. Por ter sido na ausência que te conheci e porque em cada ausência tua me assomas como a manteiga, sorrateiramente fundamental. Metade de nós é ausência e, se não fosse a ausência, metade de nós não era. Adoro que me faltes.
domingo, 14 de agosto de 2011
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12 comentários:
Ecoou, soaste a Oswaldo Montenegro:
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio(...)
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.(...)
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.(...)
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.(...)
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.(...)
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.(...)
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.(...)
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
Luiz,
Eu sou muito pequenina e metade do teu coração é grande. A outra metade também. Obrigada.
Este texto está muito bom!
Obrigada, Clara. Generosos leitores, os meus.
Ausências aqui também, mas estas são mais poéticas. Não vi nada de call-centers...
Ludibriado, prezado Prezado? Homessa.
:)
Hmm... e vais ver que afinal não é só da torrada com manteiga de que gostas se levares com daquela manteiga sem sal (tipo centro-europeia) :)
A falta pode levar-nos à consciência, mas eu continuo a preferir a presença :) (e com uma pitada de sal!)
Noves fora, és o pão.
boa cena. melhor que apanha do tomate.
Calíope,
Manteiga sem sal é manteiga? Isso não é tipo mojito sem álcool? :S
Lâmpada,
Obrigada. *cora*
Zé,
Errrr... Blaaaar... Hmmm... Maaah...
Nopes, parece que ainda não consigo falar contigo.
lembras-me uma ex-namorada quando acabou comigo. quando conseguiu falar, já eu não a conseguia ouvir.
Zé,
*lábio a tremer*
*snif*
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