domingo, 8 de janeiro de 2012

tau-tau

Esta é uma daquelas músicas atípicas, músicas que apanham instantes em que não era suposto sentirmo-nos assim. Mandar uma coisa bonita para as urtigas e começar de novo, porque tanto as coisas bonitas como as feias perdem a razão de existir e já se viu muito disso. Agarrar nos tomates e bazar, deixar tudo para trás. É uma das capacidades mais extraordinárias que cada um leva em si, essa de soprar e mandar foder tudo o que construiu. São momentos de adrenalina pura, os que vêm da devastação total combinada com a única certeza de que de agora em diante tens uma puta de uma tábua rasa para começar de novo de forma diferente, nem que seja para ver se os fins são os mesmos quando os começos são outros. Experimentar, nascer e nascer outra vez, saber mais do que a conta. Raios me partam se entendo os enconados que se arrastam na merda morna todos os dias, todos os anos, porque é tão lindo pensar que a vida exige sacrifícios e somos tão mais nobres quanto mais perseverarmos no quentinho. E a gente sorri-se com sorriso de "fui uma má menina" porque devia estar pesarosa e não está, está contente porque varreu tudo a lança-chamas e agora há mais mundo para ver.

Ah, e isto é capaz de ter alguns palavrões, vejam lá os vossos filhos.

8 comentários:

Luiz Pacheco disse...

I.
Na cidade não se falava de amor
mas eu amava
e resistia à cidade
porque falava de amor.


II.
Uns viviam em ruas com nome
de escultor,
outros viviam em ruas com nome
de pintor,
muito poucos viviam em ruas com nome
de gente.


III.
Na cidade tudo era circular:
terminava no mesmo ponto
em que começava.
Redondos, inúteis,
sobrevivíamos
como as montanhas lá ao fundo.

Filipa Leal "A cidade líquida e outras texturas"

sushi mata disse...

bom. muito bom.

Wiwia disse...

Luiz,
Isso não se faz, vires para aqui engrandecer a merda que eu escrevo. Pareces a avó que dá uns pendentes de ouro lindinhos à neta gótica que lima os incisivos para parecerem caninos.

Sushi,
É, não é? Finalmente aparece carne fresca na música, a coisa andava chata.

Nawita disse...

Olha, estou como tu, nada de baixar os braços e ir contra tudo e todos, e por todos digo nós.

É como o estar a cima de sentimentos negativos, como a raiva e ficar calado e erguer a cabeça.
Somos humanos, temos direito à raiva e a gritar e partir a loiça, sem medo de deixar a dor instalar-se e aumentar enquanto a libertamos.
Mas isto sou eu a divagar.

O que queria dizer é que, gostei da música, desta vez :p
(já ouviste o ultimo dos black keys?)

Wiwia disse...

Yaaay, Nawita! :)
Recebi "o CD", sim, "o CD" no Natal. Com um disco lá dentro e capa e papéis e tudo. Muito bom :)

Nawita disse...

SORTUDA!

Eu também recebi, mas sem caixa e papéis :D

K disse...

como é que um post com um titulo tao apelativo, degenera numa coisa decente?

Wiwia disse...

K,
Desculpa, não voltará a acontecer. :|