quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lembro-me

das manhãs de sábado, quando me acordavas com um mimo no pescoço e eu me virava para o outro lado e tu me trincavas a orelha e eu desistia de dormir e pousava a cabeça pesada na tua barriga quente e tu resfolgavas, contente, mas não te chegava, querias mais, e olhavas-me com um ar desafiador e aproximavas-te devagarinho, afastavas-te de repente, e eu alinhava no jogo e cobria-me toda com os lençóis e tu desesperavas, puxavas o edredon e choramingavas por mim, não sabias da dona, onde estava ela, tu precisavas de vê-la. E eu emergia e tu uivavas muito e lambias-me, quase choravas, e pousavas a cabeça no meu pescoço e respiravas fundo. Eu percebo-te.

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