segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Nada pode ser bom.

Tínhamos ido antes ver La Traviatta e a Carmen e eu não tinha gostado. Nesse dia íamos tentar a Madame Butterfly.
O cenário era amarelo e mexia-se, tinha vindo do Scala de Milão. Vivi durante duas horas aquela rara sensação de não saber para onde me leva a música. É uma estranheza preciosa, dificilmente acontece, por força do treino do ouvido e pela escassez de intérpretes brilhantes, como era o caso. A ilusão de recuperar o tempo em que as coisas nos surpreendiam é um truque só ao alcance da arte e do nariz, eu acho. Durante duas horas vivi pequena e deliciada por uma angústia amarelo-turvo.

Ontem liguei a televisão e fiquei muito feliz quando percebi que não sentia nada. Absolutamente nada.

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