Tenho uma relação esquizofrénica com bibliotecas. (*lápis azul*) Gosto da luz das janelas, do silêncio, das mesas sem pilhas de folhas, canecas de café e discos externos, das estantes com os livros todos direitinhos e da sensação que são meus, todos meus, das mulheres que prendem o cabelo com um lápis antes de manusear um manual franciscano com 150 anos, dos homens que vêem vídeos no Youtube. Não é sexismo, estão mesmo aqui à minha frente, não tenho culpa. Mas às vezes as pessoas das bibliotecas assustam-me. Ao meu lado direito está uma obra da Cidália Dinis (sim, isso mesmo, da Cidália Dinis) intitulada "Obras Burlescas de Tomé Tavares Carneiro". Primeiro veio um rapaz gordinho - nota-se que não contava que fizesse sol hoje, com certeza não tinha intenção de tirar a camisola e ficar com aquela t-shirt assim curtinha, mas ora bolas you can't predict the weather -, olhou para a Cidália, torceu o nariz e trocou-a pela Sónia Faria e o seu "O Objecto e os Museus de Medicina". A seguir veio um senhor de barba , óculos de massa, camisola de lã e... outra camisola de lã aos ombros..., trauteou qualquer coisa que me pareceu A Nacional mas pode ter sido só sugestão, passou pela Cidália e escolheu o António Coxião sobre "A Ocupação Humana na Pré-História Recente na Região entre Côa e Távora". Por fim chega o pretendente da Cidália, guarda-chuva na mão e mochila às costas - ao virar-se quase me dá com ela nas trombas, de tão excitado que vai -, risca ao lado e língua de fora (ok, este último dado já é capaz de ser produto da minha imaginação), agarra na rapariga e leva-a para o fundo da sala, para o recanto mais escuro de toda a biblioteca.
Parece-me óbvio que sou eu que estou a mais aqui. Vou-me pirar, como de resto acontece sempre ao fim da primeira hora e meia. Depois, claro, não tenho estudos.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
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Um comentário:
E se fosses a merda ou parvalhona...
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