é tirar fotografias de baixo para cima a gente numa rodinha a olhar para o meio. Não sei quanto a vós, mas eu adoro conhecer a fundo as narinas das pessoas. E sei apreciar uma bonita papada.
Não tem como falhar, é espectacular. A sério.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
casar porque não
Um grande amigo pediu-me que no futuro o impedisse de casar, se alguma vez na vida lhe passasse a ideia pela cabeça.
Ora, eu até podia tentar, mas sei que não me sentiria muito confortável nesse papel. Em primeiro lugar, porque acho que não ia gostar da sensação das unhas de silicone da futura esposa nos meus cabelos. Em segundo, porque creio que neste tipo de coisas só a própria pessoa sabe do que sente, do que a motiva, só ela pode chegar à conclusão daquilo que afinal não quer. Não adianta alertar, advertir, exemplificar, aconselhar.
Digo o mesmo para gatos dentro de casa, drogas pesadas, molhos de menta, gel de cabelo, teorias didácticas, quadros amadores com pontes, touradas e namorados da JSD.
Ora, eu até podia tentar, mas sei que não me sentiria muito confortável nesse papel. Em primeiro lugar, porque acho que não ia gostar da sensação das unhas de silicone da futura esposa nos meus cabelos. Em segundo, porque creio que neste tipo de coisas só a própria pessoa sabe do que sente, do que a motiva, só ela pode chegar à conclusão daquilo que afinal não quer. Não adianta alertar, advertir, exemplificar, aconselhar.
Digo o mesmo para gatos dentro de casa, drogas pesadas, molhos de menta, gel de cabelo, teorias didácticas, quadros amadores com pontes, touradas e namorados da JSD.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Lembro-me
das manhãs de sábado, quando me acordavas com um mimo no pescoço e eu me virava para o outro lado e tu me trincavas a orelha e eu desistia de dormir e pousava a cabeça pesada na tua barriga quente e tu resfolgavas, contente, mas não te chegava, querias mais, e olhavas-me com um ar desafiador e aproximavas-te devagarinho, afastavas-te de repente, e eu alinhava no jogo e cobria-me toda com os lençóis e tu desesperavas, puxavas o edredon e choramingavas por mim, não sabias da dona, onde estava ela, tu precisavas de vê-la. E eu emergia e tu uivavas muito e lambias-me, quase choravas, e pousavas a cabeça no meu pescoço e respiravas fundo. Eu percebo-te.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
ON/C
Num dia de Abril arrumei livros e pratos e lençóis e chorei. Enquanto chorava esvaziei armários, estantes, gavetas, caixas. E continuei a chorar. Limpei mesas, bancadas, varandas e aparadores. Durante 16 horas chorei.
Durante muito tempo pensei nesse dia e nessa surpreendente maratona de chorar. Queria ver-lhe um significado, atribuir-lhe um sentido. Porque eu não sou de chorar e desgostos de amor nunca tive. Erros de cálculo, sim. E diz que doem o mesmo tanto.
Durante muito tempo pensei nesse dia e nessa surpreendente maratona de chorar. Queria ver-lhe um significado, atribuir-lhe um sentido. Porque eu não sou de chorar e desgostos de amor nunca tive. Erros de cálculo, sim. E diz que doem o mesmo tanto.
domingo, 19 de dezembro de 2010
A última ceia
Eu não tenho religião. Acho que também não posso dizer que seja ateia porque isso implicaria algum tipo de fé no contrário de uma coisa em que eu nunca acreditei. Não é por mal, a sério, só me parece um tanto disparatada a história da senhora que nunca fez sexo na vida e ooooops, caiu-se-me um bebé aqui pelo caminho, e do totó que diz que sim, claro, que assume a paternidade e que não foge com o ouro. Não vejo grande propósito em fugir com o incenso e com a mirra. A não ser que que houvesse hippies entre Belém e Jerusalém e aí o Zé fazia umas massas, até podia vender uns conjuntinhos bem bonitos de queimadores em carvalho escurecido com os pauzinhos de oferta.
Mas bom, fora o insólito do nascimento, eu até percebo como é que o Jesus granjeava simpatias. Para começar, era um tipo de barbas e cabelo comprido, com aquele mesmo ar alheado-sofredor do Kurt Cobain, coisa que inspira as massas. Depois, usava Birkenstock - ninguém tem coração para não gostar de quem usa Birkenstock, seria como não gostar de meninos do Laos para adopção. Por último, as tainadas. Venha lá quem vier, gajo que organiza jantaradas e multiplica o pão e o vinho à discrição é cá da malta, tem as ideias no sítio. Sabe que a melhor coisa da vida são os amigos. E as ceias.
Mas bom, fora o insólito do nascimento, eu até percebo como é que o Jesus granjeava simpatias. Para começar, era um tipo de barbas e cabelo comprido, com aquele mesmo ar alheado-sofredor do Kurt Cobain, coisa que inspira as massas. Depois, usava Birkenstock - ninguém tem coração para não gostar de quem usa Birkenstock, seria como não gostar de meninos do Laos para adopção. Por último, as tainadas. Venha lá quem vier, gajo que organiza jantaradas e multiplica o pão e o vinho à discrição é cá da malta, tem as ideias no sítio. Sabe que a melhor coisa da vida são os amigos. E as ceias.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Falando em momentos detestáveis,
odeio a Meg Ryan, desprezo este filme. Não mostra as melhores partes, corta as cenas quando elas iam começar a ficar mesmo, mesmo boas.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Saber perder
Eu tinha umas colibri transparentes que usava no verão. Galgavam os morros do Gerês e iam comigo ao rio, ficavam bem com a túnica do Snoopy e nunca me magoaram os pés. Eram umas boas sandálias. Aos oito anos os invernos são grandes, tão grandes que a roupa deixa de servir e o Gerês é outra vez desconhecido quando chega o verão. Não me lembro do dia em que as colibri desapareceram, mas lembro-me que foram as melhores sandálias que já tive na vida.
Quando descobri que gostava de anéis, a minha mãe deu-me um anel preto, um anel a sério. Era tão discreto e bonito que não passava despercebido a ninguém. Com ele aprendi que não é exactamente preciso fazer as bainhas às calças ou passar a roupa a ferro. Tudo se desculpa com um bom anel. Um dia lavei as mãos e deixei-o em Santarém.
Na idade em que se toma consciência dos avós, o meu avô perdeu consciência das pessoas. Durante anos, sorriu quando nos viu chegar, a meio caminho entre o intrigado e o agradecido pela companhia de estranhos num sábado à tarde num terraço ao pé da praia. Guardei para sempre a fotografia em que ele nos abraça vestidos de índios, perfeitamente alheio ao traje e às caras raiadas de vermelho e preto. Para sempre até ao dia em que a perdi num camião de mudanças.
Há um ano e meio perdi um cão, há uma semana um CD, este mês perdi um colar com 15 anos, há dois anos o melhor amigo e hoje perdi um homem de vista no trânsito. São vazios que eu prezo, vazios que enchem as coisas de sentido.
Quando descobri que gostava de anéis, a minha mãe deu-me um anel preto, um anel a sério. Era tão discreto e bonito que não passava despercebido a ninguém. Com ele aprendi que não é exactamente preciso fazer as bainhas às calças ou passar a roupa a ferro. Tudo se desculpa com um bom anel. Um dia lavei as mãos e deixei-o em Santarém.
Na idade em que se toma consciência dos avós, o meu avô perdeu consciência das pessoas. Durante anos, sorriu quando nos viu chegar, a meio caminho entre o intrigado e o agradecido pela companhia de estranhos num sábado à tarde num terraço ao pé da praia. Guardei para sempre a fotografia em que ele nos abraça vestidos de índios, perfeitamente alheio ao traje e às caras raiadas de vermelho e preto. Para sempre até ao dia em que a perdi num camião de mudanças.
Há um ano e meio perdi um cão, há uma semana um CD, este mês perdi um colar com 15 anos, há dois anos o melhor amigo e hoje perdi um homem de vista no trânsito. São vazios que eu prezo, vazios que enchem as coisas de sentido.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
"Wiwia, tu és fufa????"
Calma, mulherio. Eu gosto das coisas mais discretas.
Deixem-me os vossos números de telemóvel e eu respondo-vos em privado.
Deixem-me os vossos números de telemóvel e eu respondo-vos em privado.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Dezembro 2011
Eu e a Teixeirinha vamos vestir-nos de Mãe Natal Sexy.
Eu de Mãe Natal, ela de Sexy.
(Deixa estar que eu anoto.)
Eu de Mãe Natal, ela de Sexy.
(Deixa estar que eu anoto.)
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Querido Pai Natal,
Este ano queria ser como as outras mulheres: saber dobrar cartas em três à primeira e arquivar facturas da água e luz direitinhas. Sem a parte da lobotomia, por favor.
Obrigada.
Beijinhos,
Wiwia
Obrigada.
Beijinhos,
Wiwia
domingo, 5 de dezembro de 2010
Perdoai-os, que eles não sabem o que fazem.
- Homens que ligam 5 vezes, não são atendidos e ainda deixam uma mensagenzinha de "er... um cafézinho? já não nos vemux à tantos anos, era giro." Então não era, coração? Vai aprender a escrever e depois fala-se nisso. Ou falasse? Puxa, que isto é tão confuso.
- Homens de 34 que usam metáforas como "Gostava de andar pendurado na tua mochila." (O sentimento de vergonha alheia impede-me de sequer comentar.)
- Homens que oferecem colares a quase perfeitas desconhecidas a meio de um jantar com amigos (dela). E fazem a irmã dela ir a correr para o WC. E mesmo assim ouve-se o riso abafado ao longe.
Perdoai-os mas tirai-os da minha vistinha. O meu tipo de homem é outro. Néscio de outras formas.
- Homens de 34 que usam metáforas como "Gostava de andar pendurado na tua mochila." (O sentimento de vergonha alheia impede-me de sequer comentar.)
- Homens que oferecem colares a quase perfeitas desconhecidas a meio de um jantar com amigos (dela). E fazem a irmã dela ir a correr para o WC. E mesmo assim ouve-se o riso abafado ao longe.
Perdoai-os mas tirai-os da minha vistinha. O meu tipo de homem é outro. Néscio de outras formas.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Pôr em perspectiva.
Eu sou vulgar. Como todas as pessoas vulgares, uma das imagens que melhor retenho do Inception é a da cidade que se dobra e desdobra na primeira experiência da Ariadne como arquitecta onírica. É verdadeiramente impressionante e bastante simples.
Hoje vivenciei uma coisa muito parecida: caminhava na rua, empurrada pelo frio, quando recebo uma chamada que vira tudo ao contrário, muda a ordem das coisas e arruma o importante no sítio.
Hoje vivenciei uma coisa muito parecida: caminhava na rua, empurrada pelo frio, quando recebo uma chamada que vira tudo ao contrário, muda a ordem das coisas e arruma o importante no sítio.
Da passividade e do pessimismo
Ultimamente as coisas andam diferentes. Não estou a cair em repetição porque ainda não o tinha dito. Acordo com a sensação de estar dentro num filme de Hitchcock, ando alheada durante o dia e nem saio à noite com medo de me constipar.
Face ao que me aborrece, mostro total inércia. Não faço, não mexo nem uma palhinha. E deixei de acreditar: perdi a fé de que as coisas são ridículas e de que há duzentas e catorze razões perfeitamente lógicas para que corram pessimamente mal.
Já não me lembrava de me sentir tão bem desde a última vez que dissolvi Zyrtec no champanhe.
Face ao que me aborrece, mostro total inércia. Não faço, não mexo nem uma palhinha. E deixei de acreditar: perdi a fé de que as coisas são ridículas e de que há duzentas e catorze razões perfeitamente lógicas para que corram pessimamente mal.
Já não me lembrava de me sentir tão bem desde a última vez que dissolvi Zyrtec no champanhe.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Quem quer
uma menina muito bonitinha, extremamente prestável, com um dom invulgar para organizar conferências, entender-se com chineses, irlandeses e cães, fazer listas de toda a espécie e trabalhar arduamente, desde que seja na área da comunicação empresarial? Quem quer?
A sério, perguntem para o lado se alguém quer. Estou a isto de enviar um daqueles e-mails para doação de medula mas sem ser. Só com a foto de um bebé loirinho como captatio benevolentia e depois, zás, peço permuta de emprego para a menina de Londres.
A sério, perguntem para o lado se alguém quer. Estou a isto de enviar um daqueles e-mails para doação de medula mas sem ser. Só com a foto de um bebé loirinho como captatio benevolentia e depois, zás, peço permuta de emprego para a menina de Londres.
O gajo
apareceu e assim do nada gerou um rebuliço de primeira apanha.
Vai-se a ver, vai já a procissão no adro e ele não reparou que eu existo - como?
Contudo, confessa-se feliz por não saber da minha existência. Logo, que razão tenho eu para lhe roubar esse sossego que será (imagino somente, mais e melhor não sei, já muito magiquei eu, se calhar demais) o de não me procurar aqui todos os dias? Por outro lado, que obrigação moral tenho de o informar, se nem sequer aos meus mais próximos informo, porque gosto disto sossegado para mim também?
Oficialmente, não percebo um caralho de -sferas. Certo é que tenho que começar a escrever como falo: com muitos palavrões. Foda-se.
Vai-se a ver, vai já a procissão no adro e ele não reparou que eu existo - como?
Contudo, confessa-se feliz por não saber da minha existência. Logo, que razão tenho eu para lhe roubar esse sossego que será (imagino somente, mais e melhor não sei, já muito magiquei eu, se calhar demais) o de não me procurar aqui todos os dias? Por outro lado, que obrigação moral tenho de o informar, se nem sequer aos meus mais próximos informo, porque gosto disto sossegado para mim também?
Oficialmente, não percebo um caralho de -sferas. Certo é que tenho que começar a escrever como falo: com muitos palavrões. Foda-se.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Já sei o que quero.
Isto é um momento muito importante. Tenho três objectivos de vida:
- Sábados,
- Domingos,
- Feriados.
Desta vez tenho mesmo a certeza.
- Sábados,
- Domingos,
- Feriados.
Desta vez tenho mesmo a certeza.
Achados os perdidos
No fim do verão disse qualquer coisa sobre uns posts manuscritos e perdidos entre a Hungria e Portugal.
E isto que se segue é dedicado a todas as pessoas que ao longo dos anos gentilmente acreditaram em mim e repetiram distraidamente, enquanto enviavam sms ou limavam as unhas, que "Tu não és propriamente desorganizada. És organizada à tua maneira, vá." Lembram-me sempre o Sir Launcelot e o gentil Concorde. Mas bom, não era nada disto que eu vinha aqui dizer. Vamos lá ao que não interessa.
Eu e a Teixeirinha somos umas pestes. Não comemos criancinhas ao pequeno-almoço mas também não queremos comer o pequeno-almoço com elas. Nem o almoço. Nem o jantar. Por isso, temos vindo a limar nas nossas cabecinhas o conceito de "children-free-zone". Não as queremos na nossa zona do restaurante nem da piscina nem do avião.
Não gosto de crianças, ponto. Disse-o.
Gosto, isso sim, de putos. Levantaram-se quando eu cheguei, eu pedi desculpa por incomodar, eles disseram que não fazia mal e retomaram as suas actividades infantis - o de 13 lê uma IT Expert em formato A3 e o de 9 vai a meio das suas 400 páginas do "Senhor dos Anéis". Em alemão. São portugueses.
De vez em quando interrompem a brincadeira e falam um com o outro:
- Amanhã quando acordar queres que te acorde?
- Só se for depois das 8h.
- Está bem mas depois não te queixes que chegaste tarde.
- Então OK, desde que seja depois das 7h.
Chega o jantar e eles querem água das Pedras.
Hospedeira - Só um momento, que a minha colega já vos traz.
Puto - Desculpe.
H - Ora essa.
P - Obrigado.
O jantar chega e no fim sobra.
- Pai, comes o resto?
Um filme a preto e branco rouba-lhes a atenção. Riem-se do Chaplin em surdina, sabem-me ao lado a anotar Ppts e pensam talvez que seja importante.
Não julgue, porém, o caro leitor que o meu coração amoleceu. Finco o pé nas tão desejadas children-free-zones. Venha tudo o que é puto, venha, mas que fiquem em casa os criançolas dos pais que deixam qualquer poiso público virar circo, que eu não tenho que levar com a falta de modos dos pequenos trintões.
E isto que se segue é dedicado a todas as pessoas que ao longo dos anos gentilmente acreditaram em mim e repetiram distraidamente, enquanto enviavam sms ou limavam as unhas, que "Tu não és propriamente desorganizada. És organizada à tua maneira, vá." Lembram-me sempre o Sir Launcelot e o gentil Concorde. Mas bom, não era nada disto que eu vinha aqui dizer. Vamos lá ao que não interessa.
29 de Agosto de 2010
Eu e a Teixeirinha somos umas pestes. Não comemos criancinhas ao pequeno-almoço mas também não queremos comer o pequeno-almoço com elas. Nem o almoço. Nem o jantar. Por isso, temos vindo a limar nas nossas cabecinhas o conceito de "children-free-zone". Não as queremos na nossa zona do restaurante nem da piscina nem do avião.
Não gosto de crianças, ponto. Disse-o.
Gosto, isso sim, de putos. Levantaram-se quando eu cheguei, eu pedi desculpa por incomodar, eles disseram que não fazia mal e retomaram as suas actividades infantis - o de 13 lê uma IT Expert em formato A3 e o de 9 vai a meio das suas 400 páginas do "Senhor dos Anéis". Em alemão. São portugueses.
De vez em quando interrompem a brincadeira e falam um com o outro:
- Amanhã quando acordar queres que te acorde?
- Só se for depois das 8h.
- Está bem mas depois não te queixes que chegaste tarde.
- Então OK, desde que seja depois das 7h.
Chega o jantar e eles querem água das Pedras.
Hospedeira - Só um momento, que a minha colega já vos traz.
Puto - Desculpe.
H - Ora essa.
P - Obrigado.
O jantar chega e no fim sobra.
- Pai, comes o resto?
Um filme a preto e branco rouba-lhes a atenção. Riem-se do Chaplin em surdina, sabem-me ao lado a anotar Ppts e pensam talvez que seja importante.
Não julgue, porém, o caro leitor que o meu coração amoleceu. Finco o pé nas tão desejadas children-free-zones. Venha tudo o que é puto, venha, mas que fiquem em casa os criançolas dos pais que deixam qualquer poiso público virar circo, que eu não tenho que levar com a falta de modos dos pequenos trintões.
domingo, 28 de novembro de 2010
Os Mandamentos da Mestre Teixeira
1. Manter os olhos abertos.
2. Evitar paredes.
3. ...
6. (qualquer coisa que ver com) meias.
...
Merda, devia ter assentado. Assim vou continuar a trazer só mulheres dos bares para casa.
2. Evitar paredes.
3. ...
6. (qualquer coisa que ver com) meias.
...
Merda, devia ter assentado. Assim vou continuar a trazer só mulheres dos bares para casa.
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
But who's counting?
Um dia destes, o George dizia que
Elaine, she only has male friends. That can't be a good thing.
E se não fosse uma coisa chata, de insuportável feitio e cruel como um pepino, eu poderia dizer que
Eu sou exactamente como a Elaine, fora o boa.
Mas não, não posso. Porque a coisa chata não desgruda há 19 anos e estraga-me completamente a reputação. O que lhe vale é que é boa todos os dias, senão já tinha levado um chuto.
E tudo isto para quê? Para...
...béns, chavala.
Que aos 50 continues a fazer essa encantadora contagem decrescente que eu tanto invejo.
Elaine, she only has male friends. That can't be a good thing.
E se não fosse uma coisa chata, de insuportável feitio e cruel como um pepino, eu poderia dizer que
Eu sou exactamente como a Elaine, fora o boa.
Mas não, não posso. Porque a coisa chata não desgruda há 19 anos e estraga-me completamente a reputação. O que lhe vale é que é boa todos os dias, senão já tinha levado um chuto.
E tudo isto para quê? Para...
...béns, chavala.
Que aos 50 continues a fazer essa encantadora contagem decrescente que eu tanto invejo.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Fuck yeah,
tarde livre.
Projectos ser tantos que optar por nem perder tempo a conjugar. Só listar:
- dar água sem caneco;
- pastar;
- empalear (não confundir com o outro, o parecido);
- engonhar;
- laurear a pevide;
- serigaitar.
Projectos ser tantos que optar por nem perder tempo a conjugar. Só listar:
- dar água sem caneco;
- pastar;
- empalear (não confundir com o outro, o parecido);
- engonhar;
- laurear a pevide;
- serigaitar.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
"Pilar mi amor, anda aqui, que eu ainda agora disse uma coisa tão bonita e tu não ouviste..."
Há uns dias, num dia de cão, vasculhei a memória em busca de filmes. Fazia já muito tempo que não via um que se me agarrasse à retina por mais de 24h. Inception, ok, bom argumento, The Social Network, ok, a confirmação de que tudo o que é genial é genital. Mas um filme que se revelasse com o tempo, personagens que se colassem à minha pele,... não encontrei nas pastas recentes.
Até ontem. Com o José e com a Pilar. Que me varreram os pés, me fizeram rir até às lágrimas e me deixaram feita um trapo no chão. Por me lembrarem, quando começava a esquecer, que fomos despojados de um ser humano anormalmente lúcido e desassossegante, que por sorte do acaso até falava a nossa língua e ainda assim não se conseguiu fazer entender.
Até ontem. Com o José e com a Pilar. Que me varreram os pés, me fizeram rir até às lágrimas e me deixaram feita um trapo no chão. Por me lembrarem, quando começava a esquecer, que fomos despojados de um ser humano anormalmente lúcido e desassossegante, que por sorte do acaso até falava a nossa língua e ainda assim não se conseguiu fazer entender.
Etiquetas:
cinema
domingo, 21 de novembro de 2010
Mrs. Dalloway and I
But when the door shuts on us, all that vanishes. The shell–like covering which our souls have excreted to house themselves, to make for themselves a shape distinct from others, is broken, and there is left of all these wrinkles and roughnesses a central oyster of perceptiveness, an enormous eye.
Lembrem-me para nunca mais abrir o frigorífico num domingo à noite.
Lembrem-me para nunca mais abrir o frigorífico num domingo à noite.
(ia chamá-lo "Meta-coisas" mas apercebi-me a tempo que era uma triste ideia)
Tínhamos 22 anos, estávamos sentadas no sofá do Herr Scheffer, à luz amarelada do T2 em Kurze Wanne, Hannover, quando a Teixeirinha (chamemos-lhe assim) explicou à outra "Não vale a pena, ela não vai fumar um cigarro enquanto não tiver acabado aquele capítulo". Ali e então percebi que o meu modus operandi se tornara transparente: penduro cenouras na minha própria cabeça.
E agora precisava de uma, fresquinha.
E agora precisava de uma, fresquinha.
Ser mulher
Entre esguichos de tira-nódoas, penso no que vou dar que fazer aos soldadores amanhã, se aviso que faço greve na faculdade, se arrisco juntar esta camisola vermelha, se me decido a contratar um contabilista, por que não dou uma hipótese a ninguém, na orquídea que contra todas as hipóteses floresce pela quarta vez. E eis que transborda o detergente da tampinha.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Dias de cão
deviam ser dias em que nos deitávamos ao sol de barriga ao alto, corríamos atrás de bolas, nos deleitávamos com festas atrás das orelhas e focinhávamos atrás de formigas.
Mas não. Dias de cão são dias em que nos levantamos quando ainda não há sol no alto, para nos apertarem as bolas logo pela manhã, levarmos nas orelhas à tarde e continuarmos a focinhar que nem formigas.
Mas não. Dias de cão são dias em que nos levantamos quando ainda não há sol no alto, para nos apertarem as bolas logo pela manhã, levarmos nas orelhas à tarde e continuarmos a focinhar que nem formigas.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Em breve
voltarei ao mundo real, prometo. No entretanto vou-me passeando numa película de terror.
Obrigada, Maria C., mesmo. Por cá tudo em ordem. Que é como quem diz, tudo no caos.
Obrigada, Maria C., mesmo. Por cá tudo em ordem. Que é como quem diz, tudo no caos.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Poupança energética
Se quiser apagar a luz da cozinha, aconselho a que use o interruptor da luz e que evite o da máquina de café expresso. Suja menos e poupa-lhe muita energia.
Bolas. Half awake in a fake empire.
Bolas. Half awake in a fake empire.
Em dois anos, caio duas vezes pelo mesmo Boxer.
... everything I love gets lost in drawers... I wanna hurry home to you, put on a slow, dumb show for you and crack you up... for twenty-nine years.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
O tempo cura tudo
é uma grandessíssima treta.
O tempo abafa, escava, escava, escava, enterra, tapa e senta-se em cima das coisas com o seu grande rabo. É tudo o que o tipo faz. Parece-me mais coveiro que médico, não sei.
O tempo abafa, escava, escava, escava, enterra, tapa e senta-se em cima das coisas com o seu grande rabo. É tudo o que o tipo faz. Parece-me mais coveiro que médico, não sei.
Durante A Rede Social,
o Sousa (chamemos-lhe assim) disse Aposto que metade das merdas geniais são inventadas depois de os tipos levarem com os pés das gajas.
Eu estou convicta de que, se substituirmos gajas por gajas ou meninos de 16 anos abarcamos 100% dos casos. Tudo é sexo, já dizia o W.
Eu estou convicta de que, se substituirmos gajas por gajas ou meninos de 16 anos abarcamos 100% dos casos. Tudo é sexo, já dizia o W.
domingo, 7 de novembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
Cair devagarinho
No amor como nas quedas, para mim a coisa tem que ser rápida. (Sim, mentes do demo, façam lá todos os possíveis trocadilhos com o acto sexual. Eu espero, vá. Pronto.) Infantil e palerma que sou, não concebo conhecer alguém, dedicar-me a conhecê-lo melhor, gerar laços de amizade e construir bases de confiança, deixar que o tempo me mostre se tem genuínos bons fígados e então, só então, procurar uma aproximação especial, uma tentativa de saída a dois, porque nos entendemos, porque nos damos bem, e esperar que a coisa cresça de ambos os lados para um sentimento gémeo de amor, harmonioso com o anterior, mas maior, mais forte, cintilante, nobre. Eu não. O amor que eu concebo é mais do tipo despenhar-me em terreno baldio. No meu conceito de amor, não cabe a ponderação, não sobra tempo para dissecação porque não é necessária. Ou, no inevitável, torna-se acessória. Paixão, direis vós. Amor, direi eu, que não o sei de outra forma.
Contudo, ontem ouvi-me proferir as palavras Não estarás agarrado a um conceito dos nossos 15 anos e a perder uma boa oportunidade de a conheceres melhor amanhã? Pareci acreditar por segundos em cair devagar, estilhaçar aos poucos e devorar com calma.
E vós, como amais?
Contudo, ontem ouvi-me proferir as palavras Não estarás agarrado a um conceito dos nossos 15 anos e a perder uma boa oportunidade de a conheceres melhor amanhã? Pareci acreditar por segundos em cair devagar, estilhaçar aos poucos e devorar com calma.
E vós, como amais?
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Acho que é oficial.
Nada, mas nada mesmo, me deixa nervosa.
Devo ter alguma doencinha auto-imune. Tipo aquelas que levam as pessoas a adormecer a meio do duche ou que as fazem deixar de gostar de mostarda ou rir de cinco em cinco minutos porque o baço está inchado e faz pressão sobre o nervo sensitivo que controla a zona do olfacto.
Isto preocupa-me.
Mas não me enerva.
Devo ter alguma doencinha auto-imune. Tipo aquelas que levam as pessoas a adormecer a meio do duche ou que as fazem deixar de gostar de mostarda ou rir de cinco em cinco minutos porque o baço está inchado e faz pressão sobre o nervo sensitivo que controla a zona do olfacto.
Isto preocupa-me.
Mas não me enerva.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Ao longe.
"...beats feeling nothing at all"...
...uma vaga reminiscência do que era ter...
...tornou-se claro por que é que adormeço com tanta facilidade.
Tu sempre adormeceste rápido. Não quero que amanhã seja o primeiro dia destes...
Um dia ainda hei-de (voltar a) escrever posts inteiros.
E plantar uma árvore.
...uma vaga reminiscência do que era ter...
...tornou-se claro por que é que adormeço com tanta facilidade.
Tu sempre adormeceste rápido. Não quero que amanhã seja o primeiro dia destes...
Um dia ainda hei-de (voltar a) escrever posts inteiros.
E plantar uma árvore.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Lista de coisas perdidas
- Um brinco
- Espanto
- Molas
- Um cão
- In the Mood for Love
- Uma mochila verde
- Sardas de verão
- Pino-ponte
- Fotografias, tantas
- Casas de banho com janelas
- Querer e não poder
- Três minutos
- Espanto
- Molas
- Um cão
- In the Mood for Love
- Uma mochila verde
- Sardas de verão
- Pino-ponte
- Fotografias, tantas
- Casas de banho com janelas
- Querer e não poder
- Três minutos
Serviço público
Escutem com atenção, di-lo-ei apenas uma vez:
não tentem sair do carro com o cinto de segurança apertado.
Da amiga que vos quer bem,
W.
não tentem sair do carro com o cinto de segurança apertado.
Da amiga que vos quer bem,
W.
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Pecha bibliográfica
Esqueci-me de mencionar que este post foi construído a partir de um texto do Suricata.
E se dúvidas subsistissem, que Ele é ele.
Musiquinha disponível em breve, esperemos.
E se dúvidas subsistissem, que Ele é ele.
Musiquinha disponível em breve, esperemos.
Ele
quer dar-lhe alguém melhor.
Ele
quer dar-me alguém melhor.
Ele
é o melhor homem que eu conheço.
Ela
não sabe o disparate que fez.
Ele
quer dar-me alguém melhor.
Ele
é o melhor homem que eu conheço.
Ela
não sabe o disparate que fez.
domingo, 24 de outubro de 2010
Paris
foi óptimo.
Óptimo para a alma e para os olhos e para a barriga e para os ouvidos.
Mau para o coração.
Mas como as coisas tristes se alimentam de palavras, tal pulgas do sangue alheio, sobre isso não escreverei e farei de tudo para não tornar a falar.
Óptimo para a alma e para os olhos e para a barriga e para os ouvidos.
Mau para o coração.
Mas como as coisas tristes se alimentam de palavras, tal pulgas do sangue alheio, sobre isso não escreverei e farei de tudo para não tornar a falar.
sábado, 23 de outubro de 2010
É próprio. É amor.
Confesso que às vezes adoro a minha forma de ser.
Não ser capaz de esvaziar bolsas de toilette das viagens de verão para as de outono dá um jeitaço descomunal.
Beijinho para mim, muah.
Sim, "muah". Que é, algum problema?
Não ser capaz de esvaziar bolsas de toilette das viagens de verão para as de outono dá um jeitaço descomunal.
Beijinho para mim, muah.
Sim, "muah". Que é, algum problema?
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Je m'en vais
Da última vez que cheguei a Paris, levava um casaco de pele.
Só era justo que desta vez trouxesse um. Fair trade.
(Vamos lá a ver se chego. E se volto para contar. Ou para não contar.)
Só era justo que desta vez trouxesse um. Fair trade.
(Vamos lá a ver se chego. E se volto para contar. Ou para não contar.)
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
"Es ist so oh ohne dich."
Era bonito se "oh" significasse "oco". Mas não. Felizmente é só métrica.
Dos Glashaus.
Dos Glashaus.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
0:55
parece-me uma hora perfeitamente boa para começar a preparar a minha primeira aula na faculdade, que é... hoje.
Desconfio que a minha auto-confiança sofre de obesidade aguda.
Desconfio que a minha auto-confiança sofre de obesidade aguda.
domingo, 17 de outubro de 2010
O medo de envelhecer,
para mim, resume-se a uma e uma só coisa: deixar de me rir à parva por literalmente nada.
sábado, 16 de outubro de 2010
In and Out
Gosto de coisas bonitas. Gosto de ver coisas bonitas e de gastar uns sestércios em coisas bonitas.
E depois...
...apraz-me destruir as coisas bonitas. Com um casaco de 5euros comprado em Cantão, umas galochas ou uma carteira com 10 anos.
E é por isso que franzo o sobrolho por ir hoje ao Portugal Fashion. Apetecia-me destruir qualquer coisa e aparentemente não posso.
Assim não brinco.
E depois...
...apraz-me destruir as coisas bonitas. Com um casaco de 5euros comprado em Cantão, umas galochas ou uma carteira com 10 anos.
E é por isso que franzo o sobrolho por ir hoje ao Portugal Fashion. Apetecia-me destruir qualquer coisa e aparentemente não posso.
Assim não brinco.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Gatinha para Adopção
A Gata M tem tinha. A Gata M tinha um rabo e agora tem dois.
A Gata M tem muitos guizos e poucos tomates.A Gata M pariu. A Gata M tem muitas gatinhas penduradas. A Gata M pendura-se em tudo o que mexe. A Gata M não mata mas queria esfolar.
A Gata M cheira bem. A Gata M anda ao cheiro. A Gata M é dengosa, manhosa, pirosa.A Gata M tem sarro. A Gata M escreve de boca aberta e limpa a casa de pijama.
A Gata M come cabidela e diz que é tofú. A Gata M não sabe o que diz e diz tudo o que sabe. A Gata M diz pouco.
A Gata M tem lixo nas unhas e açúcar nos dentes. A Gata M lambe-se, regurgita, vomita, regozija. A Gata M deu à costa no sargaço da Póvoa.
Quem quer a Gata M, quem quer?
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Rapazes,
quando virem lágrimas nos olhos de uma mulher ao dizerem-lhe que já não confiam nela...
...saibam que estão cobertinhos de razão.
...saibam que estão cobertinhos de razão.
O Nuno Melo
é giro que se farta. Não oiço nem uma palavrinha do que ele diz.
It's a self-preservation... thing.
It's a self-preservation... thing.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
O aparelho fonador
faz-se de cordas, sopro e percussão. O aparelho fonador é escuro, matreiro e artesanal, nem um igual. O aparelho fonador não é rápido de tocar.
Daí o tempo que te sobra:
é para pensar.
Daí o tempo que te sobra:
é para pensar.
sábado, 9 de outubro de 2010
O encanto do outono
não existe.
Estar em casa é bom simplesmente porque andar lá fora chega a ser doloroso.
Estar em casa é bom simplesmente porque andar lá fora chega a ser doloroso.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Os defeitos
do homem já não são surpresa, mas a música dele desconcerta-me sempre.
E os restaurantes são bons.
E o vinho é óptimo.
As ideias também não estão mal, mas...
...
... é muito penteadinho para meu gosto.
E os restaurantes são bons.
E o vinho é óptimo.
As ideias também não estão mal, mas...
...
... é muito penteadinho para meu gosto.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Ficção de segunda
Vou buscá-la à TV. O big shot da oposição queria dar-lhe boleia, mas ela não quer cá confusões, a amiga vem buscá-la. Vem bonita, cansada, ainda a largar vapor por causa dos homens e mulheres que submetem todos os problemas de Portugal à questão de classe. Não é assim, não é assim, diz ela. E eu acredito. Ela sabe tanto que eu não sei.
Liga ao marido, fala com as filhas, desliga-se o telemóvel, deixamos o mac em casa e seguimos leves para a rua. Os taxistas gostam dela, diz as coisas que eles queriam dizer com as palavras que não sabem usar. E chegamos. Um copo e uns passos mais tarde, fala-se de amores e cabelos, gente nossa desaparecida, gente que tememos desapareça, encontra-se quem ela não conhece e ela ri-se, diz que sim, que já lá esteve num debate e que é um óptimo sítio para se trabalhar. Quer um kit-kat, que o rum vagueia sozinho no estômago. Quer saber como me pagam, diz que não é justo, que não se pode aturar tal leviandade contratual vinda de organismos públicos, mas que "...cá entre nós, não está nada mal!" E ri-se muito e conta-me mais uma carrada de coisas que eu só percebo daqui a uns dias. É tarde e vamos, dá-me um abraço e um "obrigada por me mostrares o mundo." Eu sorrio de soslaio mas sei que é verdade, que é sentido, que ela me deve uma e eu lhe devo outra.
Liga ao marido, fala com as filhas, desliga-se o telemóvel, deixamos o mac em casa e seguimos leves para a rua. Os taxistas gostam dela, diz as coisas que eles queriam dizer com as palavras que não sabem usar. E chegamos. Um copo e uns passos mais tarde, fala-se de amores e cabelos, gente nossa desaparecida, gente que tememos desapareça, encontra-se quem ela não conhece e ela ri-se, diz que sim, que já lá esteve num debate e que é um óptimo sítio para se trabalhar. Quer um kit-kat, que o rum vagueia sozinho no estômago. Quer saber como me pagam, diz que não é justo, que não se pode aturar tal leviandade contratual vinda de organismos públicos, mas que "...cá entre nós, não está nada mal!" E ri-se muito e conta-me mais uma carrada de coisas que eu só percebo daqui a uns dias. É tarde e vamos, dá-me um abraço e um "obrigada por me mostrares o mundo." Eu sorrio de soslaio mas sei que é verdade, que é sentido, que ela me deve uma e eu lhe devo outra.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
"Escape às tentações com barritas Kellog's Special K"
Hein?
A sério que pagam a agências de publicidade para escrever isto? Exactamente que franja do mercado é que não gosta de tentações?
Eu até ia comprar, mas agora que sei disto já não arrisco.
A sério que pagam a agências de publicidade para escrever isto? Exactamente que franja do mercado é que não gosta de tentações?
Eu até ia comprar, mas agora que sei disto já não arrisco.
domingo, 3 de outubro de 2010
Friends
- Are you nuts? By the time she's 18 you'll be... 52!
- ...and starting to think about settling down! Exactly my point, see?
- ...and starting to think about settling down! Exactly my point, see?
sábado, 2 de outubro de 2010
Conhecimento de causa
é ver um filme com a Lindsay Lohan inteirinho, de fio a pavio. Gosto de saber que ainda tenho coisas novas para aprender. E que são fracas, muito fraquinhas mesmo. Execráveis, até.
Ao menos evitei a Jennifer Aniston.
Ao menos evitei a Jennifer Aniston.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Hay una cosa que te quiero decir,
que es importante al menos para mí...
Adorava este vídeo. A Natalia Verbeke dançava de vestido vermelho e sapatos pretos em cima de uma mesa. E desapareceu. Puff!
Não me culpem a mim. Ela é que não me deixa fazer mais posts às custas dEla. Portanto agora levam com os meus. Fraquinhos, fraquinhos.
Adorava este vídeo. A Natalia Verbeke dançava de vestido vermelho e sapatos pretos em cima de uma mesa. E desapareceu. Puff!
Não me culpem a mim. Ela é que não me deixa fazer mais posts às custas dEla. Portanto agora levam com os meus. Fraquinhos, fraquinhos.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Das coisas sérias.
A S. desabafa. A Leonor faria 2 anos amanhã. Queria saber como seria ouvi-la a chamar por ela, gostava de a ter visto gatinhar. Queria saber se seria parecida consigo ou com o pai. Queria ter-lhe vestido os vestidos, queria que ela não estivesse morta.
E eu não sei o que se diz. Não sei mesmo. E calo-me.
Somos duas, mais ela três, como dantes em todas as farras até que se fechava a porta do D.Juan e o Paulo se resignava a inventar cocktails de maçã e champanhe, de tão claro que estava que dali não arredaríamos pé tão cedo. Agora, a mesa é sempre para quatro.
E eu não sei o que se diz. Não sei mesmo. E calo-me.
Somos duas, mais ela três, como dantes em todas as farras até que se fechava a porta do D.Juan e o Paulo se resignava a inventar cocktails de maçã e champanhe, de tão claro que estava que dali não arredaríamos pé tão cedo. Agora, a mesa é sempre para quatro.
As plain as ice.
Ele está apaixonado. Enerva-se todos os dias porque não sabe aonde aquilo vai dar, arranca cabelos porque não consegue desfrutar de uma coisa que pode acabar em breve. E telefona-me.
Eu, que disto nada percebo, mudo o tema de conversa.
"- Lembras-te daquelas taças de gelado de iogurte e morangos frescos da Hauptbahnhof?"
"- Oh se lembro!"
"- Nunca te vi relutante em desfrutar. E iam-se em 15 minutos."
Palerminha, tu, pá.
Eu, que disto nada percebo, mudo o tema de conversa.
"- Lembras-te daquelas taças de gelado de iogurte e morangos frescos da Hauptbahnhof?"
"- Oh se lembro!"
"- Nunca te vi relutante em desfrutar. E iam-se em 15 minutos."
Palerminha, tu, pá.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Como é que se sabe (IV)
que o mal não pode ser só sono?
Quando se carrega repetidas vezes no comando da garagem de casa e se pragueja porque não vai lá das pilhas para abrir... a cancela da Faculdade.
Quando se carrega repetidas vezes no comando da garagem de casa e se pragueja porque não vai lá das pilhas para abrir... a cancela da Faculdade.
Parecendo que não, ainda Da Compaixão.
Curiosa é também a regência preposicional obrigatória em alemão.
Leiden (sofrer) unter (debaixo de)
Leiden (sofrer) unter (debaixo de)
"Pois sim, Wiwia, mas vindo desses broncos a feder a cerveja não será coincidência em vez de expressividade?"
Quando se trata de doenças, por exemplo, o bronco diz "leiden an".
Agora era a altura em que eu dizia Adoro gente que aparece e me faz pensar, mas esta merda não é Hollywood e eu tenho uma reputação a manter.
Quando se trata de doenças, por exemplo, o bronco diz "leiden an".
Agora era a altura em que eu dizia Adoro gente que aparece e me faz pensar, mas esta merda não é Hollywood e eu tenho uma reputação a manter.
domingo, 26 de setembro de 2010
1/2 > 1/1
A compaixão não é propriamente a minha chávena de chá.
Para explicar a minha chávena de chá, vamos ter que falar alemão:
E é então que tenho a certeza que sou humana.
Para explicar a minha chávena de chá, vamos ter que falar alemão:
Mitleid.
(à letra, sofrer com ou sofrimento a meias, se quisermos)
(à letra, sofrer com ou sofrimento a meias, se quisermos)
E é então que tenho a certeza que sou humana.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
SMS
"Tens a certeza que não sentes nada por mim?"
"Ora bem, ando aqui c'uma dor na omoplata já vai p'ra mais de 1 semana... Será por ti?"
"Oh."
"Ora bem, ando aqui c'uma dor na omoplata já vai p'ra mais de 1 semana... Será por ti?"
"Oh."
Voilà
O sol põe-se e ela vê os livros que não acabou, os países que ainda não viu, as letras que não deslindou, os museus em que nunca entrou, as coisas que nunca disse. E trata disso. Porque um dia há-de pôr uns calções curtos e levar com qualquer coisa pesada nas trombas.
(Crédito ao Millás e ao Visões Úteis, que mais uma vez faz jus ao nome.)
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Das coisas tristes.
Comprou um T3 porque achava que não viveria sozinho por muito mais tempo.
- Agora estou a pensar comprar um piano... Que te parece?
- Acho uma excelente ideia. Se puderes, de cauda. O maior que houver.
- Agora estou a pensar comprar um piano... Que te parece?
- Acho uma excelente ideia. Se puderes, de cauda. O maior que houver.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
À chachada dos ódios. Pim!
Gosto da Calíope, porque é uma pessoa a sério e me diz coisas úteis.
Gosto do Mak, porque é uma pessoa a brincar e me diz estupendas coisas inúteis.
Gosto da Mulher Certa, porque me apresentou o Zé.
Gosto do xukebox, porque é serviço público.
Gosto da Luna porque tem gajas boas em bicicletas.
E eu sou gente que até preza odiar.
Gosto do Mak, porque é uma pessoa a brincar e me diz estupendas coisas inúteis.
Gosto da Mulher Certa, porque me apresentou o Zé.
Gosto do xukebox, porque é serviço público.
Gosto da Luna porque tem gajas boas em bicicletas.
E eu sou gente que até preza odiar.
Egas Moniz
Walking back to you
Is the hardest thing that
I can do
That I can do for you
For you.
Just Like Honey
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Como é que se sabe (III)
que se dorme cronicamente de menos?
Quando se está no elevador às 8 da matina, já na descida do 5º para o -1, e se repara que ainda se está a bochechar o elixir cor-de-rosinha para os dentinhos.
Que riquinha.
(Beat that!)
Quando se está no elevador às 8 da matina, já na descida do 5º para o -1, e se repara que ainda se está a bochechar o elixir cor-de-rosinha para os dentinhos.
Que riquinha.
(Beat that!)
Etiquetas:
Sono
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Hoje levei um amigo às lágrimas. Como facilmente se adivinha pelos índices de popularidade deste blogue, não foi pela minha graça natural nem pelo meu refinado sentido de humor.
Quando me apanham desprevenida em cenas dramáticas (porque de outro modo não me apanham), o filme é sempre o mesmo: Scary Movie. Lá estou eu, no clássico cruzamento com duas placas - a do Ri-te à Parva e a do Cliché Foleiro. Hoje resolvi optar por um 'Daqui a uns tempos ainda me hás-de agradecer, vais ver'. Foi mau, eu sei. Mas vejamos o lado positivo, consegui resistir ao 'Um dia ainda te vais rir disto'.
Quando me apanham desprevenida em cenas dramáticas (porque de outro modo não me apanham), o filme é sempre o mesmo: Scary Movie. Lá estou eu, no clássico cruzamento com duas placas - a do Ri-te à Parva e a do Cliché Foleiro. Hoje resolvi optar por um 'Daqui a uns tempos ainda me hás-de agradecer, vais ver'. Foi mau, eu sei. Mas vejamos o lado positivo, consegui resistir ao 'Um dia ainda te vais rir disto'.
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Como é que se sabe (II)
que se anda a dormir de menos?
Quando se entra na garagem do seu prédio, se avista o primeiro lugar livre e se pensa,
Quando se entra na garagem do seu prédio, se avista o primeiro lugar livre e se pensa,
Oba, que sorte, um lugarzinho à minha espera!
se estaciona metade da viatura e se repara,Foda-se, este não é o meu.
Etiquetas:
Sono
Coisas que ficam para sempre.
Abrir o editor de mensagens e o polegar fugir-me para o 9.
Também designada por "coisa do caraças".
É, este post não se pode comentar. Azarito.
Também designada por "coisa do caraças".
É, este post não se pode comentar. Azarito.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Querido W.,
Não sei mais como explicar, senão
Well it’s always a pleasure and never a chore
But you just don’t know whether you’re doing it for the right reasons
Well it’s always a pleasure and never a chore
But you just don’t know whether you’re doing it for the right reasons
N.H.
Das coisas complicadas.
Orbitam em torno de homens sem gravata ao pescoço mas com muito nó na cabeça. Irra.
domingo, 12 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
Deusign
Como é que têm a lata de me impingir a existência de um ser divino que tudo vê, sabe, pode e cria, se esta merda à nossa volta não é toda ergonómica? Qualquer designer paisagístico do Piaget fazia melhor.
Pá, eu não compro, desculpem lá.
Pá, eu não compro, desculpem lá.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Obrigada aos Beirut e ao Puto.
Gosto mesmo, mesmo, mesmo muito quando a banda sonora da minha vidinha sobe exponencialmente de qualidade. Obrigada aos dois.
"Só quero alguém que goste de mim a sério",
disse ela, cintilando.
Não ironizo quando digo que tenho uma cosmovisão muito limitada. Tenho mesmo. E tenho pena.
No meu pequeno cosmos, esperamos ansiosamente pelo momento de conhecer alguém que nos faça pasmar, nos meta num bolso e nos rodopie no mindinho até à ebriedade. No meu pequeno cosmos, ansiamos esperançosamente pela reciprocidade da vertigem, sim, com a certeza porém de que é esse mesmo limbo o segredo do druida - o visco que emulsiona o elenco de substâncias intoxicantes que actuam violentamente sobre os joelhos e entaramelam a língua, para nosso deleite. No meu pequeno cosmos, os homens e as mulheres andam assim, à espera de serem espantados.
Não sei se é por andar muitas vezes de sapatos com cores esquisitas, unhas por pintar ou calças de ganga com a bainha a arrastar pelo chão, mas nunca me deixaram entrar nesse cintilante cosmos em que os homens e as mulheres andam à espera de espantar em vez de serem espantados.
Não ironizo quando digo que tenho uma cosmovisão muito limitada. Tenho mesmo. E tenho pena.
No meu pequeno cosmos, esperamos ansiosamente pelo momento de conhecer alguém que nos faça pasmar, nos meta num bolso e nos rodopie no mindinho até à ebriedade. No meu pequeno cosmos, ansiamos esperançosamente pela reciprocidade da vertigem, sim, com a certeza porém de que é esse mesmo limbo o segredo do druida - o visco que emulsiona o elenco de substâncias intoxicantes que actuam violentamente sobre os joelhos e entaramelam a língua, para nosso deleite. No meu pequeno cosmos, os homens e as mulheres andam assim, à espera de serem espantados.
Não sei se é por andar muitas vezes de sapatos com cores esquisitas, unhas por pintar ou calças de ganga com a bainha a arrastar pelo chão, mas nunca me deixaram entrar nesse cintilante cosmos em que os homens e as mulheres andam à espera de espantar em vez de serem espantados.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Neanderblogger
Alguém me explica por favor qual é esse "négócio" dos selinhos? É que só me ocorre escrever imundices a esse respeito. E não devo, porque dizem que tenho que ser menos preconceituosa. Pelo menos se quiser sobreviver aos próximos nove meses.
Não, não estou grávida.
Não, não estou grávida.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
"She's a goer, eh?"
Gosto de pessoas que vão. Que pegam e vão. Não sei se gosto das que não vão porque não percebo o que dizem.
C.A. - Ando em baixo, blablablabla precisava de espairecer blablablabla, de maneiras que... ando em baixo.
W - Então... queres ir ao cinema logo?
C.A. - Até queria. Mas é complicado. Inclusive porque blablablabla. De maneiras que é melhor não. Mas agradeço-te imenso.
C.A. - Ando em baixo, blablablabla precisava de espairecer blablablabla, de maneiras que... ando em baixo.
W - Então... queres ir ao cinema logo?
C.A. - Até queria. Mas é complicado. Inclusive porque blablablabla. De maneiras que é melhor não. Mas agradeço-te imenso.
Etiquetas:
Le goût des autres
Note to Self (II)
"We should call it bridge night."
in Passage to India, E. M. Forster
Etiquetas:
livros
domingo, 5 de setembro de 2010
Note to Self
"She slipped out of herself".
in a North-American short story.
(Só para não me esquecer. Como diz a C., isto são bilhetinhos que se deixam por aí.)
Etiquetas:
livros
sábado, 4 de setembro de 2010
Estes dias
imbróglio
(italiano imbroglio)
s. m.
Trapalhada, confusão.
*Garden of Earthly Delights, Hieronymus Bosch
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
It's been a hard day's night
Do nada da cozinha, lembrei-me que há já dias que não me lembro do Tóni.
Apertava a mão ao gajo que conseguiu vender o sentimento de culpa: "Sinta-se mal por uma coisa que lhe faz mesmo bem."
Apertava a mão ao gajo que conseguiu vender o sentimento de culpa: "Sinta-se mal por uma coisa que lhe faz mesmo bem."
Tai-chi? É p'a meninos.
Nestes dias de recomeço do ano de trabalho, confesso que não ando: arrasto-me. E tão, tão lentamente que a luz do corredor do prédio não acende quando saio. Tem um detector de movimento.
Juro.
Pela alma da avó da S., que já levou com tanta jura e tão parva que de certeza não lhe faz mossa levar com mais uma. Um bocadinho menos parva que as dela.
Juro.
Pela alma da avó da S., que já levou com tanta jura e tão parva que de certeza não lhe faz mossa levar com mais uma. Um bocadinho menos parva que as dela.
Dúvida extremamente existencial
Por que raio é que uma cambada de gajas adora torcer a cara ao Macdonald's e a seguir atafulhar-se de Big Macs em vãos de escada?
(Se é sexy por favor avisem-me. Baixinho, para eu não passar vergonhas.)
(Se é sexy por favor avisem-me. Baixinho, para eu não passar vergonhas.)
Etiquetas:
escárnio e maldizer
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Ignorance is bliss
Estou bastante à vontade a ignorar imagens, pessoas e esquilos.
Não estou é tão habituada a ignorar factos. Mas hei-de conseguir. O quê? Ignorar factos. Ah, não sabia.
Não estou é tão habituada a ignorar factos. Mas hei-de conseguir. O quê? Ignorar factos. Ah, não sabia.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Homens que me tiram do sério
Chris Martin
Bono
Jack Johnson
Arrepiam-me os cabelos da nuca. And not in a good way.
Bono
Jack Johnson
Arrepiam-me os cabelos da nuca. And not in a good way.
Etiquetas:
música
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Manuscrevi
uns quantos posts em Budapeste. Achei coisa bonita de se fazer. Quando vim embora, deitei-os acidentalmente ao lixo juntamente com mapas e cartões de visita. Caso é para se dizer que
what happens in Hungary stays in Hungary.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Ministry of Love and Affairs
Ok, pode parecer um Ministry of Funny Walks à primeira vista. Mas sigam lá o meu raciocínio: se o A ama a B mas a B não lhe liga puto porque gosta é do C embora este lhe dê frequentemente com os pés porque está casado com a D que acha que aquilo está por um fio e sonha todas as noites em dar umas voltinhas com o E que namora com a F, não seria melhor aceitar o fim do sigilo amoroso e pôr um ponto final nesta anarquia? Vai-se a ver, o A e a D até simpatizavam, quem sabe no que poderia dar, e ao C dava-se uma mãozinha para perceber que no fundo, no fundo, gostava era de levar o E a jantar fora. Sim ao Ministério do Amor e Assuntos Internos!
Está certo que teríamos que arranjar uma designação nova para o antigo Ministério dos Assuntos Internos, mas deixo isso convosco, que sois criaturas de fértil imaginação e eu já não tenho idade para palermices. Ou só em grandes doses, vá.
Está certo que teríamos que arranjar uma designação nova para o antigo Ministério dos Assuntos Internos, mas deixo isso convosco, que sois criaturas de fértil imaginação e eu já não tenho idade para palermices. Ou só em grandes doses, vá.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
SOS Onomatopeias
Nunca tive muito jeito para onomatopeias. Confesso-me um pedaço purista e custa-me escrever coisas que não são signos. Recentemente, porém, senti na pele a falta que esta competência me faz.
Por isso, venho pedir a vossa ajuda: alguém sabe como reproduzir com letras o som de um riso abafado? Aquele que nos escapa espontaneamente em situações ridículas mas que tentamos travar (não a tempo) por percebermos o constrangedor que se pode tornar para o interlocutor? Sabem qual é?
Se puderem partilhar a vossa sabedoria onomatopeica, agradeço.
Por isso, venho pedir a vossa ajuda: alguém sabe como reproduzir com letras o som de um riso abafado? Aquele que nos escapa espontaneamente em situações ridículas mas que tentamos travar (não a tempo) por percebermos o constrangedor que se pode tornar para o interlocutor? Sabem qual é?
Se puderem partilhar a vossa sabedoria onomatopeica, agradeço.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
"Eu conheço-te. És minha amiga."
Nada contra redes sociais, nadinha. Can't help but wonder... se alguma vez reaprenderemos, Humanidade, a abordar um desconhecido com palavras não escritas, a segurar o nervoso miudinho abaixo da garganta e a reunir os tomates para fazer as perguntas que têm a esperança média de vida de uma borboleta, ou se tal será em breve uma competência obsoleta, guardada na mesma caixa destinada aos dentes do sizo.
domingo, 22 de agosto de 2010
This is a Story of Girl Meets Girl - part I
Winter was clearly shoving its way through the village. Inside, it was as moist as usual. Yet, something would turn out to be different that day.
She made her way through the room, her reflections tailing her like cards on a poker shuffler. Tights, leotard, legwarmers, t-shirt, ready to join the noisy herd already swarming the pale beige room.
"Nini?", someone said. And there she was, standing tall and lost in her big white hairband.
She made her way through the room, her reflections tailing her like cards on a poker shuffler. Tights, leotard, legwarmers, t-shirt, ready to join the noisy herd already swarming the pale beige room.
"Nini?", someone said. And there she was, standing tall and lost in her big white hairband.
Etiquetas:
laços
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Os Fundamentalistas
Não é invulgar ver-me seguida por uma multidão que roga para que a ilumine.
Ok, uma amiga uma vez apanhou-me a jeito e pediu-me um esclarecimento.
Na sociedade de advogados em que trabalha, corrigiram-lhe o uso do adjectivo "imenso". Explicaram-lhe com elevada sapiência que não deveria dizer "imensas coisas" porque "imenso" remete para a ideia de vastidão, de comprimento até, e não para a de número.
Anuí em bafejá-la com a minha sabedoria e esclareci que sim, que os senhores advogados estavam, como habitualmente, cobertos de razão e recheados de exactidão, qual éclair da Leitaria. Desde que, claro, banissem do seu discurso todo o tipo de expressões como "tenho processos disciplinares que nunca mais acabam", "conto com largas horas de espera no tribunal" ou "o estagiário diz um mar de asneiradas sempre que abre a boca". Não há-de ser difícil e valerá com toda a certeza o esforço.
Ok, uma amiga uma vez apanhou-me a jeito e pediu-me um esclarecimento.
Na sociedade de advogados em que trabalha, corrigiram-lhe o uso do adjectivo "imenso". Explicaram-lhe com elevada sapiência que não deveria dizer "imensas coisas" porque "imenso" remete para a ideia de vastidão, de comprimento até, e não para a de número.
Anuí em bafejá-la com a minha sabedoria e esclareci que sim, que os senhores advogados estavam, como habitualmente, cobertos de razão e recheados de exactidão, qual éclair da Leitaria. Desde que, claro, banissem do seu discurso todo o tipo de expressões como "tenho processos disciplinares que nunca mais acabam", "conto com largas horas de espera no tribunal" ou "o estagiário diz um mar de asneiradas sempre que abre a boca". Não há-de ser difícil e valerá com toda a certeza o esforço.
Etiquetas:
linguística
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Finalmente sei como é ser homem
Sinto-me impotente perante tamanha desarrumação.
Será que ainda assim tenho direito a cigarro?
Será que ainda assim tenho direito a cigarro?
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Nada a declamar
Harpoons and spears,
Cross bows, scalpels and scissors.
Sabres, swords and swordsticks,
Catapults, ice axes and ice picks.
Billy clubs, blackjacks, cricket bats.
Ammunition and weapons,
Arrows, darts and Christmas crackers.
Cross bows, scalpels and scissors.
Sabres, swords and swordsticks,
Catapults, ice axes and ice picks.
Billy clubs, blackjacks, cricket bats.
Ammunition and weapons,
Arrows, darts and Christmas crackers.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Spank me with a broomstick and call me Josef Stalin
É por isto que eu gosto do Hotel Babylon.
Etiquetas:
têbê
domingo, 15 de agosto de 2010
Ele só quer cama
Não fiz de propósito, mas ouvi intimidades alheias...
ELE - Está quente aqui.
ELA - Pois está.
ELE - Quando vamos embora?
ELA - Já não falta muito.
ELE - Quero meeesmo sair daqui.
ELA - Já tinha percebido...
ELE - Tu não queres?
ELA - Não é que não queira, mas estou bem aqui.
ELE - Eu também estou, claro, mas confesso que estou ansioso por...
ELA - Eu sei, estás ansioso por voltar a dormir na tua caminha.
ELE - Pois estou. Não há nada como a minha caminha. Quantos dias faltam?
...e confesso-me enciumada, porque a cama dele é de certeza muito melhor que a minha. A minha é só mesmo madeira, um estrado e um colchão. Da próxima vez que enxergar uma estrela cadente, vou desejar uma cama que me faça largar tudo e todos ao terceiro dia de férias.
ELE - Está quente aqui.
ELA - Pois está.
ELE - Quando vamos embora?
ELA - Já não falta muito.
ELE - Quero meeesmo sair daqui.
ELA - Já tinha percebido...
ELE - Tu não queres?
ELA - Não é que não queira, mas estou bem aqui.
ELE - Eu também estou, claro, mas confesso que estou ansioso por...
ELA - Eu sei, estás ansioso por voltar a dormir na tua caminha.
ELE - Pois estou. Não há nada como a minha caminha. Quantos dias faltam?
...e confesso-me enciumada, porque a cama dele é de certeza muito melhor que a minha. A minha é só mesmo madeira, um estrado e um colchão. Da próxima vez que enxergar uma estrela cadente, vou desejar uma cama que me faça largar tudo e todos ao terceiro dia de férias.
Etiquetas:
Le goût des autres
domingo, 8 de agosto de 2010
FYI
Como continuo sem perceber muito bem a etiqueta destas paragens, venho pelo sim pelo não informar que
estou de papo para o ar
e por conseguinte não me dá muito jeito escrever em teclados.
Até ao meu regresso, senão antes.
sábado, 7 de agosto de 2010
Os Três Porquinhos
Esqueçam tudo o que alguma vez vos contaram sobre os três cevados mamíferos que construíam casas. Saibam agora que, aproveitando a tendência de colagem de modelos nórdicos de educação em solo latino, os três porquinhos não andaram a trolha, não, foram antes para a escola.
O porquinho mais velho, mais gordo e mais dado ao alheamento da esterqueira entrou em Letras. O do meio, teso e rabeante, cursou Direito, enquanto que o mais novo, conhecido por desconhecer a Arca de Noé e Outras Histórias Fundamentais, seguiu para a Faculdade de Engenharia.
Saídos mestres e licenciados, os suínos compraram as casas que bem entenderam, todas elas anti-sismo e equipadas com detectores de incêndio. Todas as quintas, o Do Meio e o Mais Novo jantavam em casa do Mais Velho. De mês a mês, o Mais Velho jantava na casa de um dos outros. Alternadamente. A vida corria de feição aos três, para profundo contentamento das crianças entre os 2 e os 6 anos de idade. Mas como o mercado é feroz e há que lhe atacar mais franjas, os porcos começaram a inquietar-se com tamanha normalidade, a antever o quadradismo que a vida lhes reservava e a deixar de suportar o adquirido.
O porquinho mais velho, mais gordo e mais dado ao alheamento da esterqueira entrou em Letras. O do meio, teso e rabeante, cursou Direito, enquanto que o mais novo, conhecido por desconhecer a Arca de Noé e Outras Histórias Fundamentais, seguiu para a Faculdade de Engenharia.
Saídos mestres e licenciados, os suínos compraram as casas que bem entenderam, todas elas anti-sismo e equipadas com detectores de incêndio. Todas as quintas, o Do Meio e o Mais Novo jantavam em casa do Mais Velho. De mês a mês, o Mais Velho jantava na casa de um dos outros. Alternadamente. A vida corria de feição aos três, para profundo contentamento das crianças entre os 2 e os 6 anos de idade. Mas como o mercado é feroz e há que lhe atacar mais franjas, os porcos começaram a inquietar-se com tamanha normalidade, a antever o quadradismo que a vida lhes reservava e a deixar de suportar o adquirido.
TO BE CONTINUED
if it apeteceite mi
if it apeteceite mi
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
When I get older losing my hair, many years from now
lembrem-me da ânsia de acordar para ver se a maré estava vaza e apanhar as moedas que davam à costa (sim, moedas que davam à costa, acreditei durante anos que de facto davam à costa e nunca desconfiei que o meu pai se levantasse uma hora mais cedo e as fosse lá plantar), da energia renovada das 8h da noite na praia do Castelo, quando o mar se punha bom para apanhar polvos à mão e sentir-lhes os tentáculos pegajosos que se nos enrolavam nos braços, do regresso a casa e do conforto de tantos e tantos dias pela frente para acordar cedo e moldar pasta de papel, para esperar que o pai chegasse, limpasse o pó à agulha e fizesse soar Ravel, Fausto ou Brel e para perceber aos pouquinhos que gostava de ter público enquanto dançava.
Etiquetas:
reminiscin'
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Songs of love & Les Autres
And if a ten ton truck kills the both of us
To die by your side, well, the pleasure and the priv...
- Que tal, Celso?
- Não sei.
- Ficaram bem?
- Estou a ver.
- Celso, vou dizer ao senhor para trazer outro modelo, essas estão apertadas.
- Eu não disse que estavam apertadas, ainda não sei.
- Olhe, desculpe, trazia-nos outro modelo? Estas estão...
- Importas-te que eu escolha as minhas calças? Se não for pedir muito, importas-te que eu escolha as minhas próprias calças?
And if a double-decker bus crashes into us
To die by your side is such a heavenly way to die...
To die by your side, well, the pleasure and the priv...
- Que tal, Celso?
- Não sei.
- Ficaram bem?
- Estou a ver.
- Celso, vou dizer ao senhor para trazer outro modelo, essas estão apertadas.
- Eu não disse que estavam apertadas, ainda não sei.
- Olhe, desculpe, trazia-nos outro modelo? Estas estão...
- Importas-te que eu escolha as minhas calças? Se não for pedir muito, importas-te que eu escolha as minhas próprias calças?
And if a double-decker bus crashes into us
To die by your side is such a heavenly way to die...
Etiquetas:
Le goût des autres
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Marcha!
Adoro fins de semana que não calham nem ao sábado nem ao domingo.
Outra coisa que também adoro é o arroz de marisco em Vila Praia de Âncora e os rojões em Ponte de Lima, com arroz de sarrabulho e tudo.
Outra coisa que também adoro é o arroz de marisco em Vila Praia de Âncora e os rojões em Ponte de Lima, com arroz de sarrabulho e tudo.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
As crianças dos outros
São giríssimas, muito espertas para a idade, fazem este truque-vejam-lá, já comem bife e batem nas bisavós com as pázinhas da praia. Espectaculares.
O que faz um homem.
1. Cumprir com a palavra.
2. Tomar banho diariamente.
3. Trabalhar.
4. Olhar sem desviar.
5. Ir embora um bocadinho antes da hora a que queria.
6. Cumprir com a palavra.
7. Gostar muito de cães e pouco de gatos.
8. Caminhar do lado de fora do passeio.
9. Ler.
10. Cumprir com a palavra.
NB: A autora deste post não se apaixonou, não se desiludiu nem viu o seu coração partido em mil pedacinhos. Só constata o óbvio.
2. Tomar banho diariamente.
3. Trabalhar.
4. Olhar sem desviar.
5. Ir embora um bocadinho antes da hora a que queria.
6. Cumprir com a palavra.
7. Gostar muito de cães e pouco de gatos.
8. Caminhar do lado de fora do passeio.
9. Ler.
10. Cumprir com a palavra.
NB: A autora deste post não se apaixonou, não se desiludiu nem viu o seu coração partido em mil pedacinhos. Só constata o óbvio.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Interlúdio: Da porcaria dos sapatos.
Quando há 10 anos eu dizia a mulheres que me rodeavam, "Sim, vou comprar estes sapatos verde-alface mesmo sabendo que não combinam com nada do que tenho porque a ideia é mesmo essa, serem o ponto de fuga do meu visual ou somente pretexto para comprar uma mala nova", era olhada de lado pelo meu gosto duvidoso e cisma em futilidades que não prestavam para nada.
Hoje pululam as fotografias dos sapatinhos delas por toda a parte. Aparentemente agora as mulheres medem-se às palmas dos pés.
Só.
Hoje pululam as fotografias dos sapatinhos delas por toda a parte. Aparentemente agora as mulheres medem-se às palmas dos pés.
Só.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Ensaios não Destrutivos
Dedico 30% do meu tempo a testes sobre a solidez de estruturas alheias. Se em qualquer Zara os empregados têm descontos, porque é que eu não posso virar o isótopo para mim de vez em quando? Que injustiça. Isto de pensar o que está mal para depois consertar cansa.
Por favorzinho não!
Não voltes, não voltes, não voltes!
Vade retro, urticária do demo!
E assim se esgotou o stock de pontos de exclamação deste blogue.
Vade retro, urticária do demo!
E assim se esgotou o stock de pontos de exclamação deste blogue.
terça-feira, 27 de julho de 2010
É só uma ideia
Se calhar a RTP já desencantava um ou outro lequetor do tempo em que já se aprendia ingalês nas escolas, para as esporádicas vezes em que há que prenunciar palavres em estrangeiro.
- Ah, mas no francês é um brilharete e tal.
- Ó pá, um gajo qualquer a recibos verdes e 2,5euros à hora, vá lá.
Já não basta a Baba de Caracol e o seu mítico "devolveremos-lhe o seu dinheiro".
- Ó pá, um gajo qualquer a recibos verdes e 2,5euros à hora, vá lá.
Já não basta a Baba de Caracol e o seu mítico "devolveremos-lhe o seu dinheiro".
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Ora bolas e soutiens
É que eu não sou mesmo nada do género de queimar o soutien e julguei que hoje era o dia em que finalmente diria, Sempre é verdade que as mulheres precisam de homens para alguma coisa!, até porque as portas eram pesadas para chuchu e os gatafunhos do carpinteiro roçavam o indecifrável, mas não é que para minha grande desilusão lá consegui fazer tudo sozinha e por conseguinte continuo só a querer homens e não a precisar deles? Oh c'um caraças.
Etiquetas:
amores
Isto das férias
é desconcertante.
Há tanto por fazer e para fazer que uma pessoa não sabe para onde se virar ou, no mínimo, por onde começar. E assim passa um dia e tapou-se um buraco aqui e ali, viu-se pedaços de um filme, retribuiu-se telefonemas e não se fez bolha de jeito. Mas é capaz de ser só aquele choque inicial que vai ao sítio com o hábito.
Diz a malta que está de férias, claro.
Sim, porque aqui arranha-se e não há cá preocupações dessa estirpe. Deve ser como diz o outro, Arbeit macht frei.
Há tanto por fazer e para fazer que uma pessoa não sabe para onde se virar ou, no mínimo, por onde começar. E assim passa um dia e tapou-se um buraco aqui e ali, viu-se pedaços de um filme, retribuiu-se telefonemas e não se fez bolha de jeito. Mas é capaz de ser só aquele choque inicial que vai ao sítio com o hábito.
Diz a malta que está de férias, claro.
Sim, porque aqui arranha-se e não há cá preocupações dessa estirpe. Deve ser como diz o outro, Arbeit macht frei.
domingo, 25 de julho de 2010
Olhe, desculpe
Tanto se escreve, filma e canta sobre o sentido da vida e no entanto nunca ninguém nos disse ou garantiu que ela tivesse um!
Ou perdi algum episódio e ninguém me disse nada?
Ou perdi algum episódio e ninguém me disse nada?
Etiquetas:
nugas
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Chica-experta
Vale, que dicen que sí, que soy.
(Ufa... benditas sejam as propriedades colantes do barro.)
(Ufa... benditas sejam as propriedades colantes do barro.)
quarta-feira, 21 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Como é que se sabe
...que se anda a dormir de menos?
Quando se tenta enroscar a tampa do reservatório da máquina de café numa garrafa de água.
Por exemplo.
Quando se tenta enroscar a tampa do reservatório da máquina de café numa garrafa de água.
Por exemplo.
Etiquetas:
Sono
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Chico-espertismo
Hoje tenho um daqueles exames que licenciam a malta. Vergonhosamente e não sem pena, confesso que a única coisa que fiz a esse propósito foi um par de downloads, ler quatro 503 avos de um livro e ouvir o newsflash em que o Casillas beija a namorada. Ah, é escrito em espanhol.
De modos que, se me passam, só poderei concluir que sou uma chica experta.
De modos que, se me passam, só poderei concluir que sou uma chica experta.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Apaixonei-me
É ridiculamente baixo, peludo e diz coisas assim:
- Could you hand me over the newspaper? I wanna check out the ads.
- You can't read those, they're classified! Haa-haaaaa...
Adorável, o meu Alf.
- Could you hand me over the newspaper? I wanna check out the ads.
- You can't read those, they're classified! Haa-haaaaa...
Adorável, o meu Alf.
Etiquetas:
amores
terça-feira, 13 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
Da Morte e da Morte
Nunca se chegou a perceber muito bem por quem é que ele, afinal, se tinha apaixonado. Tinham ambas o mesmo nome, e se com uma o magnetismo físico era óbvio, com a outra não se negaria um entendimento profundo com nuances de, no mínimo, admiração e, no máximo, endeusamento.
Ficou igualmente por saber para sempre se morreu ou sobreviveu ao episódio da garrafa de ar, assim como ficará eternamente na penumbra do anonimato a dona do pé que pisava a alimentação de oxigénio.
Tinha tanto para dar, o Bráulio. Cativara-nos desde o primeiro instante: o sobretudo encardido de odor a tabaco, a barba de três dias, as rugas nos olhos que evocavam olhares semi-cerrados a metade do tempo, a parcimónia das palavras que imaginámos de imediato inversamente proporcional ao fluxo do pensamento. Um homem mergulhado na luta contra o crime e na auto-defesa frente à impiedade da paixão.
Vimo-lo apenas duas vezes. Duas vezes inesquecíveis. Sentado a um balcão onde ouvia conversas. Depois disso, o A. distraiu-se numa das suas demandas pelo sentido da vida ou pelo maço de tabaco e, quando deu por ela, tinham-lhe roubado o blogue.
Com um beijo profundo de carinho e admiração pelo A., que lida agora pela segunda e mais ímpia vez com a morte.
Etiquetas:
heróis
Top Ten dos Casais
1. Tomate cherry & manjericão.
2. Brie & compota de framboesa.
3. Pão & manteiga.
4. Tawny fresco & foie gras.
5. Avelãs & mirtilos secos.
6. Endívias & roquefort.
2. Brie & compota de framboesa.
3. Pão & manteiga.
4. Tawny fresco & foie gras.
5. Avelãs & mirtilos secos.
6. Endívias & roquefort.
7. Pimentos Padrón & muito sal.
8. Monte da Peceguina tinto & azeitonas pretas.
9. Fondant de chocolate & sorvete de limão.
10. Jaquinzinhos & arroz de grelos.
8. Monte da Peceguina tinto & azeitonas pretas.
9. Fondant de chocolate & sorvete de limão.
10. Jaquinzinhos & arroz de grelos.
Etiquetas:
amores
E se um desconhecido lhe oferecesse flores?
Nos anos 80, seria obviamente Impulse.
Mas e hoje? Onde acaba a coragem do impulso e a excentricidade do momento para dar lugar à evidência do desespero?
Sonhamos com as coincidências cósmicas que fazem saltar príncipes e princesas dos arbustos para aterrarem nos nossos colos, almejamos momentos mágicos em que sacam das cartolas o Inesperado, suspiramos a cada "boy meets girl" no grande ecrã desde que não meta a Meg Ryan. Mas vai-se a ver... torcemos o nariz com cepticismo e desconfiança de cada vez que alguma coisa remotamente semelhante acontece de facto.
Que de errado se passa connosco?
Mas e hoje? Onde acaba a coragem do impulso e a excentricidade do momento para dar lugar à evidência do desespero?
Sonhamos com as coincidências cósmicas que fazem saltar príncipes e princesas dos arbustos para aterrarem nos nossos colos, almejamos momentos mágicos em que sacam das cartolas o Inesperado, suspiramos a cada "boy meets girl" no grande ecrã desde que não meta a Meg Ryan. Mas vai-se a ver... torcemos o nariz com cepticismo e desconfiança de cada vez que alguma coisa remotamente semelhante acontece de facto.
Que de errado se passa connosco?
sexta-feira, 9 de julho de 2010
"Ups, caiu-me um braço."
...
Repórter - Como foi que aconteceu?
Senhor - Então... estava a cortar a lenha e acelerei com o pé, não devia. Como estava de pé, po's claro, só tive tempo de pensar "Lá se vai a minha mão".
Repórter - E como é que o senhor se sentiu quando viu a sua mão separada do corpo?
Senhor - Senti-me... senti-me bem, menina. Um bocado triste, não é... mas senti-me bem, estive sempre consciente.
Repórter - Como foi que aconteceu?
Senhor - Então... estava a cortar a lenha e acelerei com o pé, não devia. Como estava de pé, po's claro, só tive tempo de pensar "Lá se vai a minha mão".
Repórter - E como é que o senhor se sentiu quando viu a sua mão separada do corpo?
Senhor - Senti-me... senti-me bem, menina. Um bocado triste, não é... mas senti-me bem, estive sempre consciente.
Jornal da Noite, TVI, 09/07/2010
Vir sapit qui pauca loquitur.
Etiquetas:
heróis
Um Post dos Bons
Um post dos bons iria ao encontro de temáticas tais como os cortes no orçamento para a cultura, que profunda e sinceramente me preocupam a mim e muitos outros; a podridão "aqui ao lado" do sistema de educação português, que caminha a passos largos para o abismo em todos os sectores e ninguém dentro dele parece de facto ver a conjuntura geral, a irreversibilidade das consequências durante três gerações e possíveis saídas de emergência; "O Banquete" de Platão e a impossibilidade de contornar a questão do par humano, por muito que se apologize em crescendo a individualidade; a preciosidade estética e intelectual do Mirandês e o património oculto que representa; o alargamento da exploração da plataforma continental e a quimera dos Novos Descobrimentos do século XXI; o ...
Mas não. Vamos ficar-nos por um post dos fraquinhos, em que me lamento por saber exactamente aquilo que devia fazer e me lamurio por teimar em fazer exactamente o contrário. Como por exemplo esta encomenda de "La Regenta" aqui ao lado.
(E para terminar, um cliché foleiro:) Estranha forma de vida, hem?
Mas não. Vamos ficar-nos por um post dos fraquinhos, em que me lamento por saber exactamente aquilo que devia fazer e me lamurio por teimar em fazer exactamente o contrário. Como por exemplo esta encomenda de "La Regenta" aqui ao lado.
(E para terminar, um cliché foleiro:) Estranha forma de vida, hem?
Etiquetas:
actualidade,
nugas
Las cosas claras y el chocolate espeso
De outra forma, forçavam-nos a uma secção Erratas e Adendas. Não?
Mas eu não percebo nada disto. Muito a sério. Portanto e porque prezo honestamente os meus pouquinhos mas resistentes leitores:
ERRATA: Onde abaixo se lê "Noite de Sushi e..." dever-se-ia ler "Numa noite de Sushi e..."
Mas eu não percebo nada disto. Muito a sério. Portanto e porque prezo honestamente os meus pouquinhos mas resistentes leitores:
ERRATA: Onde abaixo se lê "Noite de Sushi e..." dever-se-ia ler "Numa noite de Sushi e..."
Etiquetas:
Metapostagem
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Noite de Sushi e Outras Coisas Cruas
P - Então vamos?
W - Vamos lá!
P - Está combinado, então.
W - Combinadíssimo.
P - E quem vai?
W - Ora... A, B e C não podem. O D... a mulher não o deixa.
P - Ainda essa merda?
W - Ainda. Imagina.
P - Achas o E boa ideia?
W - É complicado, separou-se agora da F e as coisas ainda estão muito...
P - Frescas?
W - Não, pá, não tem dinheiro. Não pões mesmo a hipótese de ir com a G?
P - Vai-te foder.
W - É justo. E então, vamos só os dois, é?
P - ... Acho que não.
W - Seria muito estranho.
P - Então não vamos, não é?
W - Parece que não.
P - Combinadíssimo.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Lista de cheiros bonitos
1. Relva fervilhante acabada de regar.
2. Champô, sabonete e creme em corredores e elevadores antes de jantar.
3. Mademoiselle Chanel.
4. Madeira e giesta a estalar no Alentejo, ao sair do ar condicionado.
5. Rua de St Ildefonso quando a fábrica de biscoitos coze.
2. Champô, sabonete e creme em corredores e elevadores antes de jantar.
3. Mademoiselle Chanel.
4. Madeira e giesta a estalar no Alentejo, ao sair do ar condicionado.
5. Rua de St Ildefonso quando a fábrica de biscoitos coze.
Etiquetas:
Humores
sábado, 3 de julho de 2010
O que vem depois
do "prazer de ter um livro para ler e (...) o fazer"?
A satisfação? O alívio? A sensação de missão cumprida?
Nã. Uma grandessíssima dor de cabeça.
Pelo menos se substituirmos "um livro" por "quatro livros" de fin du siècle espanhol e "ler" por "ler, dissecar, contextualizar nexos histórico-sociais, catalogar sub-género e analisar especificidades morfossintácticas". Em 20h.
Agora queria ver o Pessoa a fazer poesia com isto. Ó Fernando, assim também eu!
A satisfação? O alívio? A sensação de missão cumprida?
Nã. Uma grandessíssima dor de cabeça.
Pelo menos se substituirmos "um livro" por "quatro livros" de fin du siècle espanhol e "ler" por "ler, dissecar, contextualizar nexos histórico-sociais, catalogar sub-género e analisar especificidades morfossintácticas". Em 20h.
Agora queria ver o Pessoa a fazer poesia com isto. Ó Fernando, assim também eu!
Etiquetas:
Humores,
linguística
Us Listening to Her
Cruzaram-se numa passagem estreita, quase não deu para ignorar. Ela continuou a andar mas abrandou o passo e espreitou por cima do ombro. Lá estava ele, tal e qual como ela se lembrava. Em segundos, fez as contas ao embaraço possível, à frustração provável do reencontro... e parou. Girou sobre os calcanhares e tocou-lhe ao de leve. Macio como sempre, morno àquela hora da tarde.
Abriu-se. Há quanto tempo já não se encontravam, porquê esta parvoíce de adiar sempre para "um dia destes"? Ah, assim é que são bons os encontros, a surpresa, assim sem contar. Sim, claro, parece que era mesmo para acontecer. Respirou fundo.
Na cozinha, estremecemos ao ouvir aquele inconfundível ranger. Não podia ser, não pensáramos que voltasse a acontecer.
Mas aconteceu. E a casa encheu-se de Lizst.
* Degas, "Manet Listening to His Wife Play the Piano"
domingo, 27 de junho de 2010
Ui,
acabei de me aperceber que terei que mudar o meu cabeçalho para "à beira-CCUT plantado".
C'um caraças, perder uns euros ainda vá... Mas aquele ataque silábico ramificado dava-me cá um jeitaço!
Chatice, pá.
C'um caraças, perder uns euros ainda vá... Mas aquele ataque silábico ramificado dava-me cá um jeitaço!
Chatice, pá.
Etiquetas:
linguística,
política
sábado, 26 de junho de 2010
Como não?
1. As coisas que acontecem na rua e em casa. As coisas assumidas e o assombro inesperado de um "mas afinal, porquê?".
2. A angústia, a revolta, a raiva do dinheiro que não chega para todos. E que sobra para alguns.
3. As miúdas giras de caracóis que não crescem. "Ai quando souberem como a vida é..." E não, esse dia nunca chega.
4. E a inércia, a apatia de uma vida bonitinha. O passeio inevitável, a ouvir o próprio passo, e o desejo de um mergulho no próximo abismo. Só para sentir qualquer coisa, por favor.
5. À noite. Rara visão de gentes reunidas que reconfortam. Será do barulho? Não interessa, a parede é familiar e a música é nossa, todos a conhecemos. Gostamos de beber e gostamos das mesmas bandas - dá-nos Pixies, dá-nos Roses, dá-nos Valentines. É ver-nos dançar a olhar para os pés.
6. Já estivemos apaixonados, claro. Já rimos à parva, já cantámos todas as canções românticas que detestamos, já nos esquecemos de almoçar e de jantar, já nos despiram com os olhos. Já, não já?
7 e 8. Viagens em carros cheios, programas de festas, cestos de piquenique - ovelhas do rebanho, porque não? Dias dispostos à conversa, sacam-se da cartola os ases e os duques, anything goes - porque não?
9. E eis que chegam as férias. A ilha intocável, ali mesmo no centro do ano, em que se pode sair de si próprio e ser outro qualquer. Por módicos preços à quinzena.
10. Diante de pálpebras que tremem, narizes que envermelhecem, gargantas que não engolem... que fazer? Que fazer quando um homem chora? Que dizer?
11. Ele há dias bons. Mesmo bons. Se consegues fazer um quatro, porque não hás-de conseguir contar uma anedota que põe a malta a rebolar no chão? E aprender a jogar xadrez? E ser pai?
12 e 13. Não pode ser assim tão difícil gostar. Gostar, gostar, gostar. Tirar um dia para gostar. Respirar fundo e carregar Play naquela ópera nipónica. Nada mau, nada mau... Até lembra de quando em vez um Sinatra, uma Piaff, e disso eu gosto.
14 a 16. Ex-peri-mentar. Pelo prazer do processo. Farinha integral, oboé, photoshop, porque sim, porque posso e não tarda nada não estou cá. E porque há quem goste de me ouvir e quem queira depois experimentar também.
E nada disto é meu. Tudo isto é do Neil Hannon, tudo isto é divina comédia e faz o Bang Goes the Knighthood. Só não entendo como não acampamos à porta de madrugada nos dias de lançamento e como não lutamos na lama e não arrancamos cabelos por um bilhete. Não entendo mes-mo.
Etiquetas:
desassossegos,
música
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Cavaco Pinto remata à trave
No dia 25 de Junho de 2010, o noticiário da SIC foi encetado com notícias sobre a bola. Cerca de vinte minutos mais tarde, concluídas três reportagens em três locais com projecção do jogo Portugal-Brasil em ecrã gigante, o tema esgotou-se e houve um tempinho para a actualização política... ou não?
No rescaldo do Roteiro para a Juventude, jornalista entrevista Presidente da República - não, senhor, não ando a persegui-lo, o senhor é que se me aparece à frente com declarações que não lembram nem ao menino Jesus (outro que com certeza julga que o persigo) -, que mui sapientemente declara:
Perante isto, só me ocorre dizer quatro coisas:
No rescaldo do Roteiro para a Juventude, jornalista entrevista Presidente da República - não, senhor, não ando a persegui-lo, o senhor é que se me aparece à frente com declarações que não lembram nem ao menino Jesus (outro que com certeza julga que o persigo) -, que mui sapientemente declara:
"- Eu tenho dois princípios que sigo. Dois princípios de vida: a honestidade e a verdade."
Perante isto, só me ocorre dizer quatro coisas:
"O meu coração só tem uma cor: azul e branco."
Etiquetas:
actualidade,
política
terça-feira, 22 de junho de 2010
Wish (to Have Wished) Bucket
Há dois punhados de anos atrás desejei ter desejado ir ao baile de finalistas, há um punhado desejei ter desejado ter filhos, hoje desejava ter desejado festas de anos e daqui a outro punhado desejarei ter ido amanhã ao São João.
La la la... common people... la la la...
Etiquetas:
Humores,
reminiscin'
domingo, 20 de junho de 2010
Palavras do Presidente da República Portug... perdão, do Empregado de Mesa de Lanzarote
"Soy un simple camarero, ¿qué puedo yo decir sobre Saramago? (…) Además del cariño de su presencia y de la falta que me hará a mí Dom José… bueno, me parece que nos hará falta a todos. Es que a mí me hizo pensar muchas veces, así que creo que igual les haría a muchos otros seres humanos."
Poucas calamidades públicas me deixaram mais triste e nenhum PR me deixou tão envergonhada.
in Jornal da Noite, SIC, 20/06/2010, 20h18
Poucas calamidades públicas me deixaram mais triste e nenhum PR me deixou tão envergonhada.
Etiquetas:
actualidade,
heróis,
política
quinta-feira, 17 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Soja como for
Porque é que de cada vez que ponho soja de um novo feitio ao lume penso: "Desta é que isto vai ser mesmo bom"?
Etiquetas:
escárnio e maldizer
terça-feira, 15 de junho de 2010
Estão uns homenzinhos
"- Porque se a gente tem tardes livres é porque precisa delas para descansar e bocê não tem nada a ber com isso! ...Stôra."
"- Precisas é de fechar já a puta da matraca antes que te leve ali para a sala ao lado e te espete duas galhetas nesse focinho sem deixar marca enquanto o diabo esfrega um olho!"
Pelo menos foi isto que consegui vislumbrar entre as chispas da minha retina. Já ele deve ter-se visto de capacete e óculos Spiff, capa ao vento e com um pé em cima do meu ventre ainda fumegante do efeito da sua super-bazuca.
"- Precisas é de fechar já a puta da matraca antes que te leve ali para a sala ao lado e te espete duas galhetas nesse focinho sem deixar marca enquanto o diabo esfrega um olho!"
Pelo menos foi isto que consegui vislumbrar entre as chispas da minha retina. Já ele deve ter-se visto de capacete e óculos Spiff, capa ao vento e com um pé em cima do meu ventre ainda fumegante do efeito da sua super-bazuca.
Etiquetas:
Humores
segunda-feira, 14 de junho de 2010
A demanda - parte II
O dia chegava ao fim e a carne, mais volta menos volta, mais tombo menos tombo, estava entregue. Entrou no talho e foi à pia esfregar os braços latejantes com sabão azul e aprumar o cabelo com um brilhozito de água.
"- Vamos lá ver onde se há-de pôr a menina a dormir. Assim sem contar não temos o quarto à feição, mas por hoje não fica mal."
"- Obrigada, Senhora, mas vou dormir a casa. Até amanhã."
Saiu.
Passados minutos voltou, para encontrar a Senhora no mesmo sítio a olhar através do balcão de mármore branco raiado e das contas do dia.
"- Esqueceu-me a sêmea."
Muniu-se da trouxa e foi-se. 12 quilómetros em 2 pernas de quase 14, 3 horas 2 vezes ao dia. E noves fora nada.
"- Vamos lá ver onde se há-de pôr a menina a dormir. Assim sem contar não temos o quarto à feição, mas por hoje não fica mal."
"- Obrigada, Senhora, mas vou dormir a casa. Até amanhã."
Saiu.
Passados minutos voltou, para encontrar a Senhora no mesmo sítio a olhar através do balcão de mármore branco raiado e das contas do dia.
"- Esqueceu-me a sêmea."
Muniu-se da trouxa e foi-se. 12 quilómetros em 2 pernas de quase 14, 3 horas 2 vezes ao dia. E noves fora nada.
domingo, 13 de junho de 2010
A demanda
A mãe tinha fugido do Brasil por amor. Ou melhor, por falta dele para com o sujeito de 60 anos com quem a queriam casar. Eram dez lá em casa, mais meninas que meninos, e todos dispensaram o exame da 4ª classe porque cantavam na ponta da língua as províncias, suas capitais e rios de Portugal.
No tempo em que a tragédia era igualmente dolorosa e contrariamente natural, o pai e os filhos enterraram a mãe sem cabelos brancos. Três anos mais tarde, os filhos sozinhos enterraram o pai. Não há memórias que atestem a causa da morte: amor, cirrose, ambos, dá no mesmo. Os pequenos seguiram os seus caminhos, cada um num mester. Era o que havia a fazer. Era o que se sabia fazer.
Ela tinha andado a aprendiz de chapeleira na cidade. Tinha jeito com as mãos e genica para o que viesse, faltava-lhe era a paciência para acatar ordens de velhas mestras rezingonas, de tal modo que um dia atirou com o avental, disse "Você não manda em mim, que não é minha mãe" e do alto dos seus treze anos pôs-se a caminho de casa de uma tia.
Como nessa época ainda não se sabia do desemprego, que remédio teve senão arranjar trabalho logo a seguir. "Precisa-se ajudante para distribuição de carnes verdes", dizia no jornal. Eram quatro da manhã quando acordou para se apresentar no emprego, não porque tivesse insónias ou nervoso miudinho, antes porque de São Gemil a Fernandes Tomás são 12 quilómetros, isto é, 3 horas a andar ligeirinho com pernas de quase 14. Já lá estava quando a Senhora chegou para abrir a porta do estabelecimento.
"- Bom dia, vim por causa do anúncio."
"- Bom dia, filha, podes voltar pelo mesmo caminho que isto não é trabalho para ti."
"- E porquê?"
"- Homessa, porque a carne pesa mais que a tua."
"- E eu não sei disso?"
A Senhora apartou o sobrolho franzido da fechadura que chocalhava todos os dias antes de se permitir abrir e deteve-se uns segundos naquela figura tísica de narizito empinado e cabelos como um tição.
"- Como te chamas?"
"- Emília."
sábado, 12 de junho de 2010
Doutor, serei normal?
Tenho 29 anos, duas profissões de que gosto, um jeitoso currículo académico, uma casa catita, poucos mas excelentes amigos, uma família bonita, um amor à minha espera, viagens por 4 continentes na bagagem, bilhetes para o concerto da minha vida em Londres, e... tudo o que me faz pular é ter um grupo de quase-desconhecidos à minha espera para dançar na baixa daqui a quatro ou cinco horinhas. Isso sim, assemelha-se a felicidade.
Não me esconda nada, doutor.
Não me esconda nada, doutor.
Etiquetas:
desassossegos
domingo, 6 de junho de 2010
«Cavaco Silva apela aos portugueses para que façam férias “cá dentro”...
Este resumo não está disponível.
Clique aqui para ver a postagem.
Etiquetas:
actualidade,
política
sábado, 29 de maio de 2010
1964, outra vez.
Voltou.
Falta alinhar prateleiras, encaixar portas, tirar-lhe o pó... Mas o 1964 está de volta a casa.
Etiquetas:
5ºET
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Estava eu aqui tão so'gadita...
...quando se me entra em casa um senhor que diz que
De início assustei-me, mas recuperei quando ele garantiu que
É que estava a ver que me ia esparramar redondamente no chão.
a house is not a home.
De início assustei-me, mas recuperei quando ele garantiu que
a chair is still a chair.
É que estava a ver que me ia esparramar redondamente no chão.
E é nisto que acabam os meus pretensos registos de coisas bonitas. Pensei que era mesmo desta que me livrava do dom de górgona. Bom, talvez da próxima.
Assinar:
Postagens (Atom)